quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Épicos da música portuguesa (11)


Saiu decidida para a rua com a carteira castanha e o saia-casaco escuro, tantos anos, tantas noites, sem sequer uma loucura. Ele saiu sem dizer nada, talvez fosse ao teatro chino, vai regressar de madrugada e, acordá-la cheio de vinho.

Tantos anos, tantas noites, sem nunca sentir a paixão, foram já as bodas de prata comemoradas em solidão. Pôs um pouco de baton e um leve toque de pintura, tirou do cabelo o travessão e, devolveu ao rosto a candura.

Saiu para a rua insegura, vagueou sem direcção, sorriu a um homem com tremura e sentiu escorrer do coração: A humidade quente da loucura...