sábado, 4 de maio de 2013

Épicos da música portuguesa (2)


Minha laranja amarga e doce, meu poema feito de gomos de saudade, minha pena pesada e leve, secreta e pura, minha passagem para o breve, breve instante da loucura. Minha ousadia, meu galope, minha rédea, meu potro doido, minha chama, minha réstia de luz intensa, de voz aberta, minha denúncia do que pensa, do que sente a gente certa.

Em ti respiro, em ti eu provo, por ti consigo esta força que de novo, em ti persigo, em ti percorro, cavalo à solta pela margem do teu corpo. Minha alegria, minha amargura, minha coragem de correr contra a ternura, minha laranja amarga e doce, minha espada, meu poema feito de dois gumes: Tudo ou nada.

Por ti renego, por ti aceito, este corcel que não sossego, à desfilada no meu peito! Por isso digo canção castigo, amêndoa, travo, corpo, alma, amante, amigo. Por isso canto, por isso digo: alpendre, casa, cama, arca do meu trigo...

Minha alegria, minha amargura, minha coragem de correr contra a ternura. Minha ousadia, minha aventura, minha coragem de correr contra a ternura ...






1 comentário:

Helena Barreta disse...

Esta é uma daquelas músicas que continua deixar-me emocionada e em "pele de galinha".

Um abraço