terça-feira, 2 de abril de 2013

Valeu a pena? Claro que sim. Pior seria não haver história...


Tinha uma história que nunca contava, trazia um quarto fechado no olhar, tinha uma viagem que planeava, mas não a começava, para nunca acabar. Tinha um sorriso guardado em segredo, mas não sorria para não o contar, tinha uma chave que fechava o medo, num arvoredo, onde não queria entrar.

E quando a noite já ia serena, disse-me a frase mais terna que ouvi: Valeu a pena. Mesmo que o fim da história seja aqui!

Tinha uma nuvem da cor do mistério, tinha palavras da cor do saber, tinha vontades de brincar a sério, mudar de hemisfério para não se perder. Tinha lembranças da cor do poente, tinha o poente inteiro no falar, mas dava o sol no esconderijo ardente, tão quente, tão quente, quase a queimar.   

Trazia a paz de uma dor que se apaga, e um calor, que se quer apagar, como quem grita do alto da fraga, que a vida nos trama e há distancia para andar. Deixou correr o licor dos sentidos, até que o dia nos veio acordar, de mãos trocadas, de braços caídos, achados perdidos.

E veio a manhã levezinha e serena, cantar-me a frase mais terna que ouvi: Valeu a pena. Mesmo que o fim da história seja aqui....


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