Tinha uma história que nunca
contava, trazia um quarto fechado no olhar, tinha uma viagem que planeava, mas
não a começava, para nunca acabar. Tinha um sorriso guardado em segredo, mas não
sorria para não o contar, tinha uma chave que fechava o medo, num arvoredo,
onde não queria entrar.
E quando a noite já ia serena, disse-me
a frase mais terna que ouvi: Valeu a
pena. Mesmo que o fim da história seja aqui!
Tinha uma nuvem da cor do mistério,
tinha palavras da cor do saber, tinha vontades de brincar a sério, mudar de
hemisfério para não se perder. Tinha lembranças da cor do poente, tinha o
poente inteiro no falar, mas dava o sol no esconderijo ardente, tão quente, tão
quente, quase a queimar.
Trazia a paz de uma dor que se
apaga, e um calor, que se quer apagar, como quem grita do alto da fraga, que a
vida nos trama e há distancia para andar. Deixou correr o licor dos sentidos,
até que o dia nos veio acordar, de mãos trocadas, de braços caídos, achados
perdidos.
E veio a manhã levezinha e
serena, cantar-me a frase mais terna que ouvi: Valeu a pena. Mesmo que o fim da história seja aqui....
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