sexta-feira, 20 de maio de 2011

"Os seus actos não reflectem as suas palavras..."

O “Diário Económico”, convidou ontem para uma conferência sobre governação com empresários e gestores: José Sócrates, Passos Coelho e Paulo Portas.

Era uma conferência em cada um dos convidados, individualmente, tinha 45 minutos para expor as suas ideias sobre a temática, depois respondia a algumas perguntas do Director do Jornal, e por fim respondia a apenas uma pergunta efectuada por um dos empresários presentes.

Quando chegou a vez de Sócrates responder à questão do empresário Peter Villax que lhe perguntou educadamente: “"Eu tenho um problema essencial consigo, os seus actos não reflectem as suas palavras..."; Em vez de responder à pergunta, por muito irritado que pudesse estar, o primeiro-ministro deu um ralhete no empresário, como uma virgem ofendida, disparando à má fila e em tom ameaçador: "Não gostei do que disse!". E não respondeu.






Este tique “mafioso” do Eng.º Pinto de Sousa vem-se repetindo, como se o empresário e os portugueses, não tivessem direito a fazer-lhe esta pergunta!

Por isso, o que aqui vos trago hoje, em nome do esclarecimento, é mais uma dessas “pérolas socretinas”, em que a “bota, mais uma vez, não bate com a perdigota”. E não é sobre o passado, é sobre um tema que terá implicações na vida de todos nós:

- As diferenças entre alguns temas que o governo do PS se comprometeu com o Triunvirato; e o que o PS tem no seu programa eleitoral, sobre esses mesmos temas.

Compare as diferenças.

1.

Carta à Troika: "Vamos nivelar as indemnizações por rescisão nos contratos sem termo e nos contratos a prazo, vamos apresentar legislação com vista a reduzir a indemnização para todos os novos contratos para 10 dias por ano de trabalho"

Programa "oficial" do PS: Não consta qualquer referência às indemnizações.

2.

Carta à Troika: "Vamos preparar até ao final de Dezembro de 2011, uma proposta que visa introduzir ajustamentos aos casos de despedimento individual com justa causa."

Programa "oficial" do PS: Não consta qualquer referência aos casos de despedimento.

3.

Carta à Troika: "Vamos reduzir a duração máxima dos benefícios do seguro desemprego a um máximo de 18 meses e a limitar as prestações de desemprego a 2.5 vezes do índice de apoio social e apresentar um perfil de diminuição de benefícios após seis meses de desemprego (uma redução de pelo menos 10 por cento nos benefícios) "

Programa "oficial" do PS: "Continuar a reformar o mercado de trabalho, de forma torná-lo mais ágil na contratação de desempregados, reforçar os instrumentos de promoção das qualificações dos desempregados e alargar os instrumentos de aproximação dos desempregados a uma inserção ou reinserção laboral são tarefas de uma agenda para a competitividade e para a dinamização do mercado de emprego."

4.

Carta à Troika: "De forma a promover reajustes salariais em linha com a produtividade a nível da empresa iremos: (i) permitir que os conselhos de trabalho negoceiem condições de mobilidade e do tempo de trabalho, (ii) redução do limite abaixo do qual as comissões de trabalhadores ou trabalhadores de outras organizações não pode celebrar acordos colectivos de trabalho para 250 empregados por empresa, e (iii) incluir nos acordos colectivos sectoriais as condições em que os conselhos podem independentemente concluir acordos colectivos de trabalho a nível de empresa."

Programa "oficial" do PS: "O diálogo e a concertação social constituem, por seu turno, não só elementos característicos de uma democracia madura mas também bases sólidas para alavancar o crescimento económico e o progresso social. O Governo do PS fará o seu melhor para incentivar um diálogo regular e profícuo entre organizações empresariais e sindicatos, de modo a que ele contribua para um verdadeiro pacto nacional para a competitividade e o emprego."

5.

Carta à Troika: "Uma taxação sobre a electricidade será introduzida a partir de Janeiro de 2012."

Programa "oficial" do PS: "O actual contexto económico e as perspectivas futuras exigem consumidores mais preparados e exigem, também, mercados regulados. O que é especialmente relevante, por um lado, no sector dos serviços financeiros - com destaque para os serviços prestados pelos bancos comerciais relativamente ao crédito à habitação e às comissões bancárias cobradas e para o crédito ao consumo, bem como para a premência de promover a literacia financeira; e, por outro lado, nos serviços públicos essenciais (electricidade, gás natural, água e resíduos, comunicações electrónicas). É também necessário fomentar a educação para o consumo, prevenir o sobre endividamento das famílias e promover a poupança e um consumo sustentável."

6.

Carta à Troika: "Pretendemos acelerar o nosso programa de privatizações. O plano já existente abrange os transportes (Aeroportos de Portugal, TAP e ramo de mercadorias da CP), energia (GALP, EDP e REN), comunicações (Correios de Portugal) e de seguros (Caixa Seguros)."

Programa "oficial" do PS: "O programa de privatizações previsto no Programa de Estabilidade e Crescimento será também implementado."

7.

Carta à Troika: As taxas moderadoras serão aumentadas em Setembro de 2011, indexadas à inflação no final de 2011, e as isenções serão substancialmente reduzidas.

Programa oficial do PS: "O Orçamento de Estado deve manter-se como fonte de financiamento essencial do SNS, assegurando o princípio constitucional da tendencial gratuitidade no ponto de contacto do cidadão com o sistema." (Não há referência às taxas moderadoras).

Qual acha que é o programa verdadeiro?

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