(Texto retirado da página do facebook de Pedro Sobreiro)
“Intróito: Não faço isto para que metam gostos
(que podem sair caro, atenção! porque quem não está com o regime, tem de estar
na facção inimiga. Sabem como é...) e se tiverem de criticar o que aqui
escrevo, que o façam abertamente, sem medos, olhos nos olhos, à homem.
Eu sou de
Marvão, eu gosto de Marvão, eu preocupo-me com Marvão e por isso, quando vi num
cartaz que iria haver uma sessão pública de debate participativo organizado
pelo Município de Marvão sobre que futuro haveria de ter o bairro da fronteira
de Porto Roque, a acontecer na antiga instalação da alfândega, pensei logo que
iria estar presente e se assim o pensei, melhor o fiz.
À hora certa lá
estava eu, como se tivesse esquecido (já larguei estas lides autárquicas há 6
anos) como em Portugal (não) se respeitam os horários. Com os tais 20/25
minutos de atraso, lá começou a sessão com uma intervenção do presidente da
câmara. Pelo tom, pelo ritmo e pela abrangência recordei os tempos passados e
senti-me feliz por ter de por minha única e espontânea vontade ter fechado a
porta. Eu sei que sou o desalinhado, um crítico por natureza mas os erros ali
foram tantos para quem estava com o sentido de sair dali mais esclarecido que
seria algo notável se assim acontecesse.
Desconhecia os
intervenientes e não só não tinham uma placa identificativa na mesa como
tampouco se deram ao trabalho de dizer quem eram, como se nós tivéssemos a
obrigação de o saber. Seguiu-se Roberto Grilo, vice-presidente da CCDR Alentejo
que disse sim, que pode haver dinheiro mas que temos de ser nós
(câmara/munícipes) a decidir e por isso é que estas sessões fazem falta
Tempo para uma
abordagem histórica do local que servia de introdução ao debate e enquanto
ouvia o Prof. Jorge Oliveira, que certamente é uma sumidade em tudo o que diz,
não conseguia parar de me perguntar por que motivo num debate que certamente
seria longo para todos os intervenientes (público incluído) numa sala tão
grande e fria, não se começou pelo que realmente interessava e nos tinha levado
ali a todos. Fiquei feliz foi por não ter decidido ler as 15 páginas que, disse
ter escrito, sobre o assunto. É que… não
foi bem a história que nos levou ali, mas sim o que fazer no futuro ao sítio.
Tive que me
ausentar por motivos pessoais por uns breves 20 minutos e quando regressei,
pareceu-me que não tinha perdido grande coisa.
Vi o Tiago Gaio,
Director da Areana Tejo dar uma pequena palestra profícua e concreta sobre o objectivo
de conseguir aplicar ali um conceito de eco village tenho em vista o respeito
pelo meio ambiente e pelo desenvolvimento sustentável. Apanhei ainda o consejal
de Valência de Alcântara que estava em representação do município e do seu
presidente, e apesar de parecer simpático e bem-intencionado, não conseguiu
esquecer o novo que é. Seguiu-se outro senhor já mais rodado, com outro
traquejo e abertura mas que se limitou a apresentar powerpoints!
Reparei então
que a tarde ia longa, o meu Benfica estava prestes a entrar em campo e na vida
há que definir prioridades.
Saí como entrei.
Sem nada saber, ter ouvido ou discutido sobre o assunto que me levou ali. Sem
timings, sem direcções certas, sem grandes linhas mestras.
Sei que quem
certamente saiu dali vitorioso foi o autarca que teve a iniciativa, quanto mais
não fosse porque discutiu o futuro e segundo ele, certamente pensará que
envolveu a população (que me surpreendeu até a mim por ser tanta) a tomar uma
decisão, que sabemos nós, não foi decisão alguma.
O Benfica venceu por 2- 0. Menos mal.”
Mais
ou menos, assino por baixo. Pelo meio, quando tu saíste da sala, ainda houve
umas aulas sobre técnicas de reabilitação urbana (mas não daquele sítio),
e algo sobre a "história da engenharia", nada de concreto meu caro. Felicito o Pedro por esta análise crítica, mas muito lúcida (e tu é que
bateste com a cabeça na pedra).
Museu histórico de Fronteiras? Centro interpretativo de ciência viva? Centro de estágio para artistas? E de onde viria o dinheiro? E como se sustentaria? Será que este povo ainda não percebeu que está na miséria e na banca rota, e o que é preciso é pensar trabalho produtivo e não apenas em distribuições e diversão?
Tenho
ainda de acrescentar o "desprezo" com que o o dito Presidente trata
aqueles que tiveram a coragem de apresentar ideias e projecto na Assembleia
Municipal, referindo-se quase com desdém, e até me trocando o nome (será que já
não me conhece? Mas olhe que há 10 anos conhecia-me bem!), e não reconhecendo
valor para ali ser apresentado em pé igualdade com tantas "fantasias"
que ali levou. Um Projecto que traria ao concelho cerca de mais 100 habitantes,
criaria 20 ou 30 postos de trabalho, seria uma solução para as famílias que ainda ali vivem (integrando-as), dinamizaria toda a área, teria certamente financiamento de fundos
comunitários, mas seria sobretudo financiado com fundos privados.
Porque
não o apresentei lá? Porque acho que a falta de respeito já chega, e os
"palhacinhos" começam a ficar fartos do CIRCO!
Grande
Pedro. Obrigado pela coragem.
2 comentários:
Obrigado a ti também por tudo aquilo que de forma sempre abnegada tanto deste por Marvão. E por mim também (naquela altura e agora mais recentemente), que nunca me esqueço do bem que me fizeram. O mesmo não se poderá dizer daquelas pessoas a quem mudaste os cueiros políticos e levaste ao colo até lá acima, que agora te esquecem o nome e fazem que nunca te conheceram. De mal agradecidos está o inferno cheio.
Podias era ter-lhe respondido na mesma moeda e ter-lhe pedido o dinheiro da garrafa de vinho do Porto que bebeu em tua casa a ver se ganhava coragem para enfrentar o Dr. Manuel Bugalho num debate da Rádio Portalegre.
O nosso inesperado e inusitado encontro desta manhã foi uma extraordinária forma de começar o domingo, com uma cerveja acompanhada com conversa franca e sincera. Como sempre.
Sei que sabes como eu te quero/respeito. Como se fosses o mano velho que não tenho.
Grande abraço
Não foi bem uma garrafa de vinho do porto, meu caro Pedro, foi meia garrafa de “Whiski Chivas Regal” de 12 anos. Ainda tenho ali o resto para o próximo que precise da tal coragem (ou como tu dizes “à homem” de tomates).
Mas mais sério que isso foi quando, em 2005, tive de me bater na Distrital do PSD, mais o grande Cabo Simão, pela aprovação da sua (dele) candidatura, onde entrámos com o apoio de 2 Concelhias, em 15 (a grande maioria queria Joaquim Barbas para candidato), e saímos de lá com a provação do nome de Vítor Frutuoso, depois de muita fundamentação e alguma paixão, e alguns murros na mesa! O dito cujo, a quem convidámos a estar presente para defender a sua candidatura, nem à porta apareceu. No fim estava à esquina, à nossa espera.
Ou ainda quando foi preciso ir a Santarém falar com o Presidente do PSD Marques Mendes. Onde após algumas reservas do Mendes sobre esse tal de “engenheiro Vítor”, verbalizando até: Oh Marvão, Marvão..., eu disse que: - Ou era Vítor Frutuoso ou faríamos uma candidatura independente e o PSD perderia certamente, e que quem mandava em Marvão era a sua concelhia. Que disse Vítor Frutuoso nessa altura? Não abriu a boca, não mexeu uma palha, ficou sentadinho na mesa onde havíamos jantado, á espera que a coisa lhe caísse nas mãos. Agora então fala de mais.
Teve sorte o artista!
Hoje trata-me por “Carlos” Bugalhão! (gs)
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