quarta-feira, 6 de março de 2013

O mundo dos outros (1)


Muito bom este Post de Rui Rocha, publicado aqui no Delito de Opinião. Uma versão para alguma reflexão do “Capuchinho, a avó, e, o Lobo em 2015”.


“Era uma vez uma menina que tinha uma capa vermelha e tal e coiso. Como a mãe estava doente e desempregada e não tinha apoios sociais nem dinheiro para a refeição, a menina foi buscar o almoço a casa da avó que vivia na floresta.

No caminho encontrou um lobo que lhe perguntou onde ia e conversa para trás e para a frente e chegou a casa da avó e comeu-a. Quando o capuchinho vermelho chegou a casa da avozinha, apercebeu-se que esta tinha umas mãos grandes, uns olhos grandes e uma boca grande. Fez-lhe aquelas perguntas todas e quando chegou à boca o lobo respondeu é para te comer, saltou da cama, comeu a menina e adormeceu de seguida.

Um soldado da GNR que passava por ali entrou, viu o lobo a dormir e lembrou-se que este podia ter comido a avó. Preparava-se para cortar a barriga do lobo, quando apareceram três utilizadores do Facebook que o impediram de levar a sua intenção por diante: que não, que era preciso perceber se o lobo não teria justificação para proceder daquela maneira.

Exigiram a elaboração de um relatório de integração social, um levantamento das condições económicas e das oportunidades de vida, uma análise exaustiva da infância do lobo e diversas outras perícias. Fizeram uma petição em que, para além de outros aspectos relevantes, argumentaram que os animais não têm maldade e que coitadinhos. E confundiram ainda de forma absolutamente involuntária situações de maus tratos a animais que ninguém defende, com outras de diversa fauna e natureza. A petição teve milhares de subscritores.

Dias depois, nasceu uma outra petição que pediu a punição do soldado da GNR pelo crime de maus tratos na forma tentada. Graças à intervenção dos três utilizadores do Facebook, o lobo, passou a viver na casa da avozinha, tendo direito a quatro refeições quentes diárias, visita semanal do veterinário e a actividades diversas de ocupação dos tempos livres que incluem, entre outras, corte periódico de unhas.

O soldado da GNR foi julgado e só graças à excelente defesa de um advogado que uns anos antes ficara célebre por enforcar um coelho, safou-se. Entretanto, teve uma depressão profunda da qual nunca recuperou completamente, tornou-se vegetariano e decidiu passar o resto dos seus dias afastado do mundo, numa reserva de ursos situada no norte do Quebeque.”

 Lol (Ah, ah, ah)...

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