Sempre defendi a permanência de Portugal no Euro. Mesmo que à custa de sacrifícios para ultrapassar os erros de política económica dos últimos 15 anos.
Por Camilo Lourenço
Mas na semana passada percebi que não temos mentalidade para lá estar. E que, por isso, o melhor é sair. Assim poderemos voltar a crescer desvalorizando o “novo Escudo” em pelo menos 40% face ao Euro. Isso provocará um disparo da inflação? Sim, mas é a única forma de provocar perdas salariais (reais) de 15 ou 20% para ajustar a economia. Teremos crescimento? Sim, mas à custa de baixos salários (até voltaremos a ter empresas de mão-de-obra barata). Mas nós merecemos!
Estar no Euro implica não gastar mais do que se tem e apostar na produtividade. No primeiro caso para evitar que o Estado se endivide para além do sustentável. No segundo porque só o aumento da produtividade garante aumentos contínuos de salários. O problema é que o país não está preparado para isso. Nem quer aprender. Veja-se quanta gente, nos três partidos do Poder, continua a pedir mais tempo para cumprir o défice. Esquecendo que mais tempo significa mais dívida. E veja-se quanta gente defende aumentos salariais sem crescimentos de produtividade, que só geram défices comerciais brutais e desemprego elevado.
Portugal não tem nem políticos nem cidadãos preparados para estar no Euro. É melhor assumir isso e negociar uma saída ordenada. Daqui a dez anos estaremos arrependidos? Sem dúvida. Mas pode ser que, entretanto, tenhamos dado uma vassourada na miserável classe política que levou o país à falência três vezes em 34 anos. E pode ser que até lá os cidadãos percebam que as desvalorizações da moeda são o caminho mais curto para empobrecer um país.
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