Marvão é um concelho a saque, já há alguns séculos…
Explorado em primeiro lugar pelos seus vizinhos mais próximos, mas também, não faltam registos de cobiças mais longínquas, como foi o caso protagonizado pelos feudatários ingleses, que no princípio do século XIX, e após mais uma cruzada para nos defenderam dos espanhóis e franceses, arrebataram de uma assentada, como tributo dos marvanenses, cerca de vinte estátuas romanas de mármore, do sítio de Ammaia, para enfeitarem os jardins desse reino prostituído, que ao abrigo da mais velha aliança entre estados europeus, se tem servido das poucas abastanças dos desprotegidos lusos.
E não faltam histórias, da espoliação deste património ao longo dos tempos, desta antiga cidade romana para a capital centralizadora e que fazem gala nos museus nacionais como se aí pertencessem.
Mas voltando às relações de vizinhança, longe vêm ainda os tempos em que os dirigentes dos concelhos limítrofes cobiçarão as características impares deste concelho e a sua beleza natural, para as usarem como fonte de proveito para atrair turistas, que explorarão nas suas terras, sem jamais se importarem de abonar alguma contribuição para o desenvolvimento destas nobres gentes, que se têm sacrificado e esforçado para manter em bom estado esta dádiva da natureza.
Mas nem sempre, estes vizinhos se confinaram indirectamente a colher os proveitos destas terras. Tempos houve em que não se coibiram de vir aqui buscar pessoalmente, alguns dos erários pertencentes ao termo desta vila, como foi o caso, já referido anteriormente do conto de réis, levado em 1895 pelos regeneradores castelovidenses, não constando, em qualquer documento histórico, que alguma vez tenha sido devolvido e que como sabemos, foi Xico Bugalhão, credor de cinco meses de jornas em atraso e até hoje nunca liquidados.
Foi também o caso da vandalização histórica a que José da Quinta, (o serrador de pau-e-pinho que se apaixonou pela marvanense de olhos cor de caruma de pinheiro), assistiu nesse ano de 1898, quando acabava de ser solto do cárcere judeu, onde esteve a cumprir pena, por não se ter apresentado voluntariamente, em tempo próprio, ao recenseamento militar obrigatório, após ter decidido que, se a sua terra tinha ficado sem concelho, se deveria recusar a apresentar aos de Castelo de Vide. Só que o representante de sua majestade não pensava assim e mandou buscar o serrador, e depois de umas vergastadas no lombo, sentenciou que o encarcerassem durante dezoito meses, no calabouço castelovidense, para exemplo de outros.
Acabou o da Quinta, de cumprir a sua punição em Março de 1898, começando então a aperceber-se, que afinal, o concelho de Marvão já tinha sido Restaurado. Se é que tal termo se deveria aplicar, pois o que constava é que havia sido devolvido, por ordem dos progressistas centrais do luciano e do frenético citrino, agora no governo da nação. Tendo em conta, que o termo restaurar implicava intervenção ou acto de reparar, ou mais ainda, manifestações, revoltas, greves de fome, vereação barricada na Torre de Menagem do Castelo, etc., e como já sabemos, tal nunca foi feito por aqueles que iriam passar à história como os “restauradores do concelho”.
Mas se para os de Marvão, pelo menos as suas modestas gentes, o ter sido restaurado ou devolvido o termo era indiferente, ou como quem diria, igual ao litro, já para os de Castelo de Vide, tal facto era uma perda e mesmo descida de divisão, pois passariam a ser terceira, quando eram de segunda, e a teoria de transformar derrotas em vitórias ainda não era desses tempos.
Marchava então José da Quinta, após a libertação do cumprimento da sua pena como preso político, ou mais a propósito, de prisioneiro de paz em terras estrangeiras em direcção a nascente, que era o mesmo que dizer, em direcção à fonte. E isto, bem se poderia dizer com propriedade, e não apenas em sentido de orientação, pois quase sempre, desde que o mundo é mundo, que estas terras de Marvão vêm alimentando o concelho vizinho, quer de águas, quer também de tudo aquilo que estas ajudam a criar, seja vegetal ou animal.
Explorado em primeiro lugar pelos seus vizinhos mais próximos, mas também, não faltam registos de cobiças mais longínquas, como foi o caso protagonizado pelos feudatários ingleses, que no princípio do século XIX, e após mais uma cruzada para nos defenderam dos espanhóis e franceses, arrebataram de uma assentada, como tributo dos marvanenses, cerca de vinte estátuas romanas de mármore, do sítio de Ammaia, para enfeitarem os jardins desse reino prostituído, que ao abrigo da mais velha aliança entre estados europeus, se tem servido das poucas abastanças dos desprotegidos lusos.
E não faltam histórias, da espoliação deste património ao longo dos tempos, desta antiga cidade romana para a capital centralizadora e que fazem gala nos museus nacionais como se aí pertencessem.
Mas voltando às relações de vizinhança, longe vêm ainda os tempos em que os dirigentes dos concelhos limítrofes cobiçarão as características impares deste concelho e a sua beleza natural, para as usarem como fonte de proveito para atrair turistas, que explorarão nas suas terras, sem jamais se importarem de abonar alguma contribuição para o desenvolvimento destas nobres gentes, que se têm sacrificado e esforçado para manter em bom estado esta dádiva da natureza.
Mas nem sempre, estes vizinhos se confinaram indirectamente a colher os proveitos destas terras. Tempos houve em que não se coibiram de vir aqui buscar pessoalmente, alguns dos erários pertencentes ao termo desta vila, como foi o caso, já referido anteriormente do conto de réis, levado em 1895 pelos regeneradores castelovidenses, não constando, em qualquer documento histórico, que alguma vez tenha sido devolvido e que como sabemos, foi Xico Bugalhão, credor de cinco meses de jornas em atraso e até hoje nunca liquidados.
Foi também o caso da vandalização histórica a que José da Quinta, (o serrador de pau-e-pinho que se apaixonou pela marvanense de olhos cor de caruma de pinheiro), assistiu nesse ano de 1898, quando acabava de ser solto do cárcere judeu, onde esteve a cumprir pena, por não se ter apresentado voluntariamente, em tempo próprio, ao recenseamento militar obrigatório, após ter decidido que, se a sua terra tinha ficado sem concelho, se deveria recusar a apresentar aos de Castelo de Vide. Só que o representante de sua majestade não pensava assim e mandou buscar o serrador, e depois de umas vergastadas no lombo, sentenciou que o encarcerassem durante dezoito meses, no calabouço castelovidense, para exemplo de outros.
Acabou o da Quinta, de cumprir a sua punição em Março de 1898, começando então a aperceber-se, que afinal, o concelho de Marvão já tinha sido Restaurado. Se é que tal termo se deveria aplicar, pois o que constava é que havia sido devolvido, por ordem dos progressistas centrais do luciano e do frenético citrino, agora no governo da nação. Tendo em conta, que o termo restaurar implicava intervenção ou acto de reparar, ou mais ainda, manifestações, revoltas, greves de fome, vereação barricada na Torre de Menagem do Castelo, etc., e como já sabemos, tal nunca foi feito por aqueles que iriam passar à história como os “restauradores do concelho”.
Mas se para os de Marvão, pelo menos as suas modestas gentes, o ter sido restaurado ou devolvido o termo era indiferente, ou como quem diria, igual ao litro, já para os de Castelo de Vide, tal facto era uma perda e mesmo descida de divisão, pois passariam a ser terceira, quando eram de segunda, e a teoria de transformar derrotas em vitórias ainda não era desses tempos.
Marchava então José da Quinta, após a libertação do cumprimento da sua pena como preso político, ou mais a propósito, de prisioneiro de paz em terras estrangeiras em direcção a nascente, que era o mesmo que dizer, em direcção à fonte. E isto, bem se poderia dizer com propriedade, e não apenas em sentido de orientação, pois quase sempre, desde que o mundo é mundo, que estas terras de Marvão vêm alimentando o concelho vizinho, quer de águas, quer também de tudo aquilo que estas ajudam a criar, seja vegetal ou animal.
E não se pense, que ao longo dos tempos, o aproveitamento dos recursos marvanenses pelos castelovidenses, se ficou por estes indispensáveis recursos nutricionais, pois tempo houve, em que até as pedras aqui vieram buscar, as ornadas, claro, porque as outras faziam calos! Foi o caso das que constituíram o famoso Arco da Aramenha, roubado em 1735 do local onde tinha nascido há mil e quinhentos anos, na já citada cidade romana da Ammaia, e acarretado para embelezar a entrada leste desta disforme vila judaica, ou quem sabe, talvez, para lhe confinar os limites e os manter intra muros. Só que, como sabemos, ao longo da história, sempre esses semitas tiveram comportamentos expansionistas, e como tal, não se coibiram acerca de dois anos atrás de anexarem as terras do concelho chegado, que agora foram obrigadas a devolver.
Preparava-se pois, José da Quinta, para sair da vila que o mantivera aprisionado durante ano e meio e já via, no curto horizonte, o imponente Arco da Aramenha. Monumento esse, que sempre ouvira dizer ter sido saqueado da quinta onde nascera e que tinha dado origem ao seu apelido, onde se dizia que estava soterrada uma importante cidade romana e que tinha sido acarretado para ali, já lá iam cento e cinquenta anos.
Mas o que fez chamar a sua atenção, não foi a beleza do Arco, nem sequer a sua magnânime arquitectura, pois como já sabemos, não possui o serrador competências para tais avaliações, para ele a única apreciação é a de que aquilo havia sido roubado à sua terra, e isso, era motivo suficiente para não gostar destas gentes.
O que ele está agora observando, é um magote de gente rude, equipada de picaretas, martelos, marretas, marrões e outro tipo de material bélico, comandados por meia dúzia de militares sujos e mal fardados, e que já deitaram abaixo mais de metade do Monumento furtado.
Com ingenuidade, pensou ainda, o da Quinta, que uma vez que tiveram que devolver os papéis dos arquivos ao concelho anexado e então restaurado, certamente, se preparavam para restituir o Arco furtado aos seus primórdios, a Quinta da Aramenha. Mas rapidamente se apercebeu, que não seria esse o fundamento da destruição, quando viu estampado no rosto dos semitas a raiva, com deitavam abaixo cada pedra, e se ouviam os seus comentários ameaçadores que iam vociferando contra os espanhóis marvanenses, dizendo já que nã pertancião a Castele de Vade, tamém nã tinhão quê dêxar ali rasto da su axistância, ê se qriam as padras, cas as viessam buscá...
Preparava-se pois, José da Quinta, para sair da vila que o mantivera aprisionado durante ano e meio e já via, no curto horizonte, o imponente Arco da Aramenha. Monumento esse, que sempre ouvira dizer ter sido saqueado da quinta onde nascera e que tinha dado origem ao seu apelido, onde se dizia que estava soterrada uma importante cidade romana e que tinha sido acarretado para ali, já lá iam cento e cinquenta anos.
Mas o que fez chamar a sua atenção, não foi a beleza do Arco, nem sequer a sua magnânime arquitectura, pois como já sabemos, não possui o serrador competências para tais avaliações, para ele a única apreciação é a de que aquilo havia sido roubado à sua terra, e isso, era motivo suficiente para não gostar destas gentes.
O que ele está agora observando, é um magote de gente rude, equipada de picaretas, martelos, marretas, marrões e outro tipo de material bélico, comandados por meia dúzia de militares sujos e mal fardados, e que já deitaram abaixo mais de metade do Monumento furtado.
Com ingenuidade, pensou ainda, o da Quinta, que uma vez que tiveram que devolver os papéis dos arquivos ao concelho anexado e então restaurado, certamente, se preparavam para restituir o Arco furtado aos seus primórdios, a Quinta da Aramenha. Mas rapidamente se apercebeu, que não seria esse o fundamento da destruição, quando viu estampado no rosto dos semitas a raiva, com deitavam abaixo cada pedra, e se ouviam os seus comentários ameaçadores que iam vociferando contra os espanhóis marvanenses, dizendo já que nã pertancião a Castele de Vade, tamém nã tinhão quê dêxar ali rasto da su axistância, ê se qriam as padras, cas as viessam buscá...