Como se "compram" votos ou como quem está no
governo ganha eleições
Num destes dias
fiquei estarrecido. Um meu familiar, que trabalha na Administração Pública, que
considero pessoa politicamente coerente e que habitualmente vota no PSD,
disse-me com a maior das calmas e descontracção:
- Eu vou votar no Costa.
- Votar no
Costa? Perguntei eu surpreendido, mas porquê?
A resposta foi
curta e objectiva:
- Porque ele me
deu menos uma hora de trabalho por dia e isso dá-me bastante jeito.
Não respondi.
Não concordava, mas não valeria a pena resposta. Antes fazer uma reflexão sobre
o que se tornou a democracia portuguesa:
Como escrevi no
artigo anterior, no final de 2015 quando terminou a legislatura anterior do
governo de Passos Coelho, na Administração Pública (cerca de 660 000 trabalhadores),
trabalhava-se cerca de 26,5 milhões de horas por semana, ou seja, cerca de 1 378 milhões de horas/ano. Por esse
trabalho os contribuintes portugueses pagaram, nesse mesmo ano, 20 316
milhões de euros. Quer isto dizer que, em 2015, cada hora de trabalho na
Administração Pública, custou aos contribuintes aproximadamente 14,7 euros;
Em 2019,
estima-se que, os 690 000 trabalhadores da Administração Pública (mais
30 000 que em 2015), trabalhem apenas 24,1 milhões de horas/semana, ou
sejam cerca de 1 253 milhões de
horas durante o ano de 2019. Por essas horas de trabalho os contribuintes
pagarão cerca de 22 000 mil milhões de euros (talvez um pouco mais). Quer
isto dizer que em 2019, cada hora de trabalho irá custar cerca de 17,6 euros.
Resumindo, em
2019 os contribuintes portugueses, pagarão em média, mais 3 euros por hora de
trabalho na Administração Pública do que em 2015. Quase mais 20% no valor hora.
Melhorou a
qualidade dos serviços prestados na Administração Pública Portuguesa? Respondam
domingo os eleitores...
Percebe-se assim, como aos governos é fácil ganhar eleições, ao beneficiar, desta forma, um universo de cerca de 700 mil votantes. Mas com o dinheiro dos
contribuintes...