A DURA VIDA DE UM HOMEM...
A tarde havia sido longa, e na taberna do Xico Videira já passava das nove da noite, quando Manuel, na súcia com o Pingas, o Zé Algarvio, o Cancelas, o Julião Pena e o ti Mané Batista, haviam já, quase esgotado, as mil-e-uma peripécias da candonga, que contavam vezes sem conta, uns aos outros, como se fosse a primeira vez; tal a inspiração, que punham, ao relembrar cada uma das sortes por si vividas, por essas veredas e canchos dessa zona da raia. E, em simultâneo, esgotavam o vinho, nas diversas rodadas, que cada um já havia mandado vir.
Manuel, há já algum tempo, com um desassossego fora do normal, que dizia aos parceiros, que tinha que ir andando, que aquele copo seria o último, e que a sua enxerga de palha, há muito que o esperava no moinho do Fraguil.
Esta agitação deixava os amigos desconfiados sobre tal urgência. Pois todos sabiam, que o parceiro, raramente tinha pressa de ir para casa. Tanto mais agora, sem mulher que o esperasse…questionando-o até, com uma certa apreensão e malandrice, se não houvera dormido a sua indispensável sesta.
Mas Manuel, já há muito tempo que mal os ouvia. Desde que aquele piãozinho zumbidor começara a girar na sua cabeça…e, só para se livrar de mais piropos por parte dos companheiros, ali permanecia. Embora disfarçando com dificuldade, a sua sobeja ansiedade, acabando por se despedir, agarrando na jaleca, que nunca dispensava nem de inverno nem de verão, e um pouco acabrunhado, lá seguiu a caminho do moinho.
É sabido que desde que baco revelou ao homem essa maravilhosa descoberta, que é a fórmula de transformar uvas em vinho, através do processo de fermentação das ditas, que este, tem sido o responsável por diversos milagres, como são os casos, sobejamente descritos, de dar vista aos cegos e fala aos mudos. É claro, que quem diz fala diz pensamentos, já que por norma estes precedem aquela, através de complexos e elaborados processos bioquímicos.
Não pode o autor destas palavras saber se foi por efeito desse mesmo vinho, que Manuel vai agora cabisbaixo, absorto nessa exclusiva capacidade humana, que é o reflectir sobre a vida, se a tanto lhe assiste os seus moderados conhecimentos, de homem que apenas fez a terceira classe, mas a quem a escola da vida, tem dado algumas lições de filosofia.
O caso com os “carabineros”, lembrado pelo ti Mané Batista, afluía-lhe agora ao ficar sozinho, com clareza à sua mente. Caso esse, sucedido quase há vinte anos, quando Manuel já havia conhecido Luísa, mas que lhe haveria de marcar o resto da vida, ao ter como desfecho a sua prisão em Cáceres, pouco tempo depois de ter acabado a guerra civil de Espanha.
…«Manuel, teria então cerca de vinte anos e o Batista, já homem maduro, andaria perto dos trinta. Haviam pegado como de costume, ao início da noite, cada um na sua carga de trinta quilos de café, que iriam entregar perto de Valência de Alcântara.
Manuel, apesar de ainda gaiatão, tinha já alguma experiência nestas coisas do contrabando, pois desde os doze anos de idade, que seu pai, Xico Bugalhão, de quem ainda não havíamos falado, mas que não está esquecido, o acostumara a acompanhar, para aprendizagem, o numeroso rancho de homens que chegou a ter a trabalhar para si nestes negócios do contrabando. Mas nada que se igualasse com a de Mané Batista, que para além da experiência, acumulava com alguma fama e dotes de homem teso, sobretudo, quando se tratava de enfrentar os guardas-fiscais portugueses, ou os “carabineros” castelhanos, que deixava qualquer parceiro seguro e tranquilo.
Mas naquela noite de início de Fevereiro de 1940, as coisas tinham começado mal, pois desde manhã que caía uma chuva contínua e forte, a qual já fazia extravasar o Sever e o seu afluente do Pego da Caleja, o ribeiro dos Tintos. As pontes e pontões, já nessa época eram escassas e sempre guardadas pela guarda fiscal, de modo que a travessia destas linhas de água se fazia através de passadeiras escondidas, a que os eruditos chamam poldras, mas que, naquela noite se encontravam engolidas pela cheia.
Combinaram, estrategicamente os dois contrabandistas, que na travessia do Sever, seria Manuel, por ser mais novo, a atravessar a nado, sem carga para a outra margem; chegado lá, lançaria uma corda para a margem de cá, depois de a amarrar bem a uma árvore, regressando para vir buscar o seu carrego, e passariam ambos e as cargas, com a ajuda da corda; quando chegassem ao ribeiro dos Tintos, fariam o inverso, sendo a primeira travessia para amarrar a corda na outra margem, feita belo Batista.
A empresa acabou por ser levada a bom porto, com relativa facilidade, e salvo os corpos encharcados até aos ossos e algum tempo perdido, os dois homens e respectivas cargas, haviam já atravessado a fronteira, e passavam a norte da Fontanhêra, quando o relógio de Manuel marcava a meia-noite.
A noite, como por milagre, havia clareado, a chuva tinha deixado de castigar os corpos dos dois homens, que seguiam em silêncio, um detrás do outro, separados por cerca de cinquenta metros. Pois se os “carabineros” lhes saíssem, sempre um deles teria meia centena de metros de dianteira na fuga.
A lua-cheia, de um luar de Janeiro ainda não findado, luzia agora com todo o seu esplendor, sobre estes dois corpos húmidos, que se deslocam lentamente, libertando uma evaporação contínua, que se não soubéssemos tratar-se de duas criaturas humanas, que acarretam às costas o seu sustento para os próximos dias, possivelmente, julgaríamos que se tratava de duas almas penadas, que descendo do céu, procuravam o melhor sítio junto ao solo, para aí pernoitarem no que restava dessa noite.
Manuel rapaz introvertido caminhava atrás, e ia afinando, mentalmente, alguns versos dos seus dotes poéticos, que na manhã seguinte, lhe serviriam de cantilena, enquanto se entretivesse a picar a pedra do moinho de seu pai, no Pego Ferreiro: “Eu q`ria ser fetecêro/dessa tua criatura/também q´ria ser herdêro/duma cara com`a tua”; “A mulher p`ra ser bonita/e p`ra ser do mê agrado/há-de ter um bom bigode/e o nariz arrebitado”. E, quem sabe, talvez um dia lhe servissem como ensaio para alguma desgarrada, com Luísa, rapariga cantadeira.
Tão absorvido vai nos seus ensaios, que nem se deu conta de dois vultos, que saídos não se sabem de onde, lhe deitaram já a mão aos trinta quilos de café, e lhe zunem ao ouvido: “conho hombre, onde piensas que vas…”
Manuel, após o abalo…mas com a agilidade da sua juventude, conseguiu libertar-se das presilhas que o apresavam à carga e inicia a sua fuga na direcção do Batista, que seguia na frente; e ao chegar perto dele bradou: “ti manel, fuja que temos aqui os “carabineros”…
No instante seguinte, o som de um tiro de fuzil soou estridente no ar, e o ricochete da bala zuniu, batendo nas pedras, ali bem próximo deles. No entanto, os dois fugitivos já se haviam refugiado atrás de uns calhaus, protegidos por uma plantação de “figueiras-chumbas”, sem que o Mané Batista largasse os seus trinta quilos de café, que lhes iriam servir de negociação e, simultaneamente, para engodo aos espanhóis.
Num primeiro momento, reinou um silêncio absoluto, até que um dos de carabina, resolveu advertir, que se “los protuguêses de mierda” senão entregassem, lhes enfiaria “una bala en nel culo”. Ao que o Batista ripostou com, “espanhol dum cabron, daqui só abala, quem tiver os sessenta quilos de café…”, enquanto, furtivamente, apanhava algumas pedras que ia metendo nos bolsos.
A iniciativa do assalto pertenceu aos espanhóis, talvez, quem sabe, ainda inspirados em Aljubarrota e foram-se aproximando. Ou talvez, pela a afoiteza que lhes davam as carabinas. Pois lá iam disparando, tiro a tiro, sem no entanto causarem qualquer dano aos moços da “ala dos namorados”.
Manuel rapaz novo, começava a ficar receoso, e ia dizendo “ ti Manel…levamos esta carguita, que já não perdemos tudo e vamos cavando, que os gajos já ficam contentes com a outra…olhe que ainda nos findam aqui com a vida”. Mas o Batista, não estava pelos acertos, e reafirmava que dali só abalava com tudo ou sem nada, e que nunca espanhol nenhum ficaria a troçar dele.
Manuel via as coisas a ficarem feias, mas também não queria dar parte de fraco, e ficar-lhe na consciência o abandono de um amigo numa hora delicada, e ainda por cima o teso do Mané Batista!... Que decidiu ficar, acontecesse o que acontecesse…
E o que aconteceu foi o que tinha que acontecer. Mal um dos “carabineros” se aproximou um pouco mais, e ao desviar-se de uma das folhas cheia de picos, que protegia os portugueses, o Batista, com a pontaria infalível de um david, sacudiu-lhe uma “calhoada” com a pedra mais afiada que havia escolhido, apanhando o pobre golias castelhano, mesmo no centro da testa, derrubando-o de cangalhas…e do qual, apenas se ouviu um profundo suspiro:”ah cabron, que me mataste…”.»
A lembrança deste episódio tinha trazido Manuel, até perto da ribeira, ainda a tempo de recordar as consequências daquela peleja luso-espanhola, ao permitirem que o outro dos “carabineros” fugisse, deixando contudo a carga que o Batista havia prometido recuperar, e que já de madrugada haveria de ser entregue, aos de Valência, com o recebimento da respectiva soldada. Só que o fugitivo, havia reconhecido o filho do moleiro Paco Bugalhon, e a retaliação não haveria de tardar…
Quanto ao golias, haveria de acordar cinco minutos depois daquela pedrada do david português, a que todos conheciam pelo ti Mané Batista, e carregar o resto da vida um valente estigma no centro da fronte.
Manuel parara agora em frente das passadeiras do Balcão, olhando fixamente para a outra margem, e o pião zumbidor, não parava de girar na sua cabeça…
Manuel, há já algum tempo, com um desassossego fora do normal, que dizia aos parceiros, que tinha que ir andando, que aquele copo seria o último, e que a sua enxerga de palha, há muito que o esperava no moinho do Fraguil.
Esta agitação deixava os amigos desconfiados sobre tal urgência. Pois todos sabiam, que o parceiro, raramente tinha pressa de ir para casa. Tanto mais agora, sem mulher que o esperasse…questionando-o até, com uma certa apreensão e malandrice, se não houvera dormido a sua indispensável sesta.
Mas Manuel, já há muito tempo que mal os ouvia. Desde que aquele piãozinho zumbidor começara a girar na sua cabeça…e, só para se livrar de mais piropos por parte dos companheiros, ali permanecia. Embora disfarçando com dificuldade, a sua sobeja ansiedade, acabando por se despedir, agarrando na jaleca, que nunca dispensava nem de inverno nem de verão, e um pouco acabrunhado, lá seguiu a caminho do moinho.
É sabido que desde que baco revelou ao homem essa maravilhosa descoberta, que é a fórmula de transformar uvas em vinho, através do processo de fermentação das ditas, que este, tem sido o responsável por diversos milagres, como são os casos, sobejamente descritos, de dar vista aos cegos e fala aos mudos. É claro, que quem diz fala diz pensamentos, já que por norma estes precedem aquela, através de complexos e elaborados processos bioquímicos.
Não pode o autor destas palavras saber se foi por efeito desse mesmo vinho, que Manuel vai agora cabisbaixo, absorto nessa exclusiva capacidade humana, que é o reflectir sobre a vida, se a tanto lhe assiste os seus moderados conhecimentos, de homem que apenas fez a terceira classe, mas a quem a escola da vida, tem dado algumas lições de filosofia.
O caso com os “carabineros”, lembrado pelo ti Mané Batista, afluía-lhe agora ao ficar sozinho, com clareza à sua mente. Caso esse, sucedido quase há vinte anos, quando Manuel já havia conhecido Luísa, mas que lhe haveria de marcar o resto da vida, ao ter como desfecho a sua prisão em Cáceres, pouco tempo depois de ter acabado a guerra civil de Espanha.
…«Manuel, teria então cerca de vinte anos e o Batista, já homem maduro, andaria perto dos trinta. Haviam pegado como de costume, ao início da noite, cada um na sua carga de trinta quilos de café, que iriam entregar perto de Valência de Alcântara.
Manuel, apesar de ainda gaiatão, tinha já alguma experiência nestas coisas do contrabando, pois desde os doze anos de idade, que seu pai, Xico Bugalhão, de quem ainda não havíamos falado, mas que não está esquecido, o acostumara a acompanhar, para aprendizagem, o numeroso rancho de homens que chegou a ter a trabalhar para si nestes negócios do contrabando. Mas nada que se igualasse com a de Mané Batista, que para além da experiência, acumulava com alguma fama e dotes de homem teso, sobretudo, quando se tratava de enfrentar os guardas-fiscais portugueses, ou os “carabineros” castelhanos, que deixava qualquer parceiro seguro e tranquilo.
Mas naquela noite de início de Fevereiro de 1940, as coisas tinham começado mal, pois desde manhã que caía uma chuva contínua e forte, a qual já fazia extravasar o Sever e o seu afluente do Pego da Caleja, o ribeiro dos Tintos. As pontes e pontões, já nessa época eram escassas e sempre guardadas pela guarda fiscal, de modo que a travessia destas linhas de água se fazia através de passadeiras escondidas, a que os eruditos chamam poldras, mas que, naquela noite se encontravam engolidas pela cheia.
Combinaram, estrategicamente os dois contrabandistas, que na travessia do Sever, seria Manuel, por ser mais novo, a atravessar a nado, sem carga para a outra margem; chegado lá, lançaria uma corda para a margem de cá, depois de a amarrar bem a uma árvore, regressando para vir buscar o seu carrego, e passariam ambos e as cargas, com a ajuda da corda; quando chegassem ao ribeiro dos Tintos, fariam o inverso, sendo a primeira travessia para amarrar a corda na outra margem, feita belo Batista.
A empresa acabou por ser levada a bom porto, com relativa facilidade, e salvo os corpos encharcados até aos ossos e algum tempo perdido, os dois homens e respectivas cargas, haviam já atravessado a fronteira, e passavam a norte da Fontanhêra, quando o relógio de Manuel marcava a meia-noite.
A noite, como por milagre, havia clareado, a chuva tinha deixado de castigar os corpos dos dois homens, que seguiam em silêncio, um detrás do outro, separados por cerca de cinquenta metros. Pois se os “carabineros” lhes saíssem, sempre um deles teria meia centena de metros de dianteira na fuga.
A lua-cheia, de um luar de Janeiro ainda não findado, luzia agora com todo o seu esplendor, sobre estes dois corpos húmidos, que se deslocam lentamente, libertando uma evaporação contínua, que se não soubéssemos tratar-se de duas criaturas humanas, que acarretam às costas o seu sustento para os próximos dias, possivelmente, julgaríamos que se tratava de duas almas penadas, que descendo do céu, procuravam o melhor sítio junto ao solo, para aí pernoitarem no que restava dessa noite.
Manuel rapaz introvertido caminhava atrás, e ia afinando, mentalmente, alguns versos dos seus dotes poéticos, que na manhã seguinte, lhe serviriam de cantilena, enquanto se entretivesse a picar a pedra do moinho de seu pai, no Pego Ferreiro: “Eu q`ria ser fetecêro/dessa tua criatura/também q´ria ser herdêro/duma cara com`a tua”; “A mulher p`ra ser bonita/e p`ra ser do mê agrado/há-de ter um bom bigode/e o nariz arrebitado”. E, quem sabe, talvez um dia lhe servissem como ensaio para alguma desgarrada, com Luísa, rapariga cantadeira.
Tão absorvido vai nos seus ensaios, que nem se deu conta de dois vultos, que saídos não se sabem de onde, lhe deitaram já a mão aos trinta quilos de café, e lhe zunem ao ouvido: “conho hombre, onde piensas que vas…”
Manuel, após o abalo…mas com a agilidade da sua juventude, conseguiu libertar-se das presilhas que o apresavam à carga e inicia a sua fuga na direcção do Batista, que seguia na frente; e ao chegar perto dele bradou: “ti manel, fuja que temos aqui os “carabineros”…
No instante seguinte, o som de um tiro de fuzil soou estridente no ar, e o ricochete da bala zuniu, batendo nas pedras, ali bem próximo deles. No entanto, os dois fugitivos já se haviam refugiado atrás de uns calhaus, protegidos por uma plantação de “figueiras-chumbas”, sem que o Mané Batista largasse os seus trinta quilos de café, que lhes iriam servir de negociação e, simultaneamente, para engodo aos espanhóis.
Num primeiro momento, reinou um silêncio absoluto, até que um dos de carabina, resolveu advertir, que se “los protuguêses de mierda” senão entregassem, lhes enfiaria “una bala en nel culo”. Ao que o Batista ripostou com, “espanhol dum cabron, daqui só abala, quem tiver os sessenta quilos de café…”, enquanto, furtivamente, apanhava algumas pedras que ia metendo nos bolsos.
A iniciativa do assalto pertenceu aos espanhóis, talvez, quem sabe, ainda inspirados em Aljubarrota e foram-se aproximando. Ou talvez, pela a afoiteza que lhes davam as carabinas. Pois lá iam disparando, tiro a tiro, sem no entanto causarem qualquer dano aos moços da “ala dos namorados”.
Manuel rapaz novo, começava a ficar receoso, e ia dizendo “ ti Manel…levamos esta carguita, que já não perdemos tudo e vamos cavando, que os gajos já ficam contentes com a outra…olhe que ainda nos findam aqui com a vida”. Mas o Batista, não estava pelos acertos, e reafirmava que dali só abalava com tudo ou sem nada, e que nunca espanhol nenhum ficaria a troçar dele.
Manuel via as coisas a ficarem feias, mas também não queria dar parte de fraco, e ficar-lhe na consciência o abandono de um amigo numa hora delicada, e ainda por cima o teso do Mané Batista!... Que decidiu ficar, acontecesse o que acontecesse…
E o que aconteceu foi o que tinha que acontecer. Mal um dos “carabineros” se aproximou um pouco mais, e ao desviar-se de uma das folhas cheia de picos, que protegia os portugueses, o Batista, com a pontaria infalível de um david, sacudiu-lhe uma “calhoada” com a pedra mais afiada que havia escolhido, apanhando o pobre golias castelhano, mesmo no centro da testa, derrubando-o de cangalhas…e do qual, apenas se ouviu um profundo suspiro:”ah cabron, que me mataste…”.»
A lembrança deste episódio tinha trazido Manuel, até perto da ribeira, ainda a tempo de recordar as consequências daquela peleja luso-espanhola, ao permitirem que o outro dos “carabineros” fugisse, deixando contudo a carga que o Batista havia prometido recuperar, e que já de madrugada haveria de ser entregue, aos de Valência, com o recebimento da respectiva soldada. Só que o fugitivo, havia reconhecido o filho do moleiro Paco Bugalhon, e a retaliação não haveria de tardar…
Quanto ao golias, haveria de acordar cinco minutos depois daquela pedrada do david português, a que todos conheciam pelo ti Mané Batista, e carregar o resto da vida um valente estigma no centro da fronte.
Manuel parara agora em frente das passadeiras do Balcão, olhando fixamente para a outra margem, e o pião zumbidor, não parava de girar na sua cabeça…
(Manuel se fosse vivo, completaria hoje 88 anos de idade)
5 comentários:
eh valente!
estou gostando. não digo mai' nada.
sabes que, provavelmente, podes escrever fontañera (depende do teu teclado estar assim configurado. se não estiver podes sempre alterá-lo) ? não é crítica, que acho que, como o grafaste, ficou muito bem. é só para contares tb com essa possibilidade.
vou é desesperar à espera do próximo episódio.
abraço
dizer, tal como o luis, que "que estou gostando" é pouco... mas tambem não encontro palavra mais sincera! parabens Manuel, onde quer que estejas;parabens João pelo que nos estás a oferecer. bjinhos, bjocas e afins
TA: a minha mãe tb faz anos hoje, e graças a Deus ainda está fisicamente connosco
maria, olá.
parabéns (atrasados, desculpa) para a tua mãe. é uma sorte quando ainda os temos por cá fisicamente.
bj
ps no outro dia era o BE, agora o TA. e ninguém me explica! tenho que ir ao dicionário de abreviaturas é?
Tou a gostar, força Bulhamarago, que ainda temos escritor...
Eu cá, dizer que gosto, é pouco.
Parabéns, Saramagalhão.
Enviar um comentário