O analfabeto do século XXI já não é aquele que não sabe ler, escrever ou
contar. O analfabeto de hoje é aquele que, embora possa ter essas competências,
não domina minimamente a informática, não sabe conduzir e não sabe interpretar,
nomeadamente, a linguagem dos números e simples operações estatísticas.
Critica, pretensiosamente, a nossa “esquerda à portuguesa” o regime do Estado Novo pelo pouco investimento que fez na educação e pelo analfabetismo do povo português em 1974, que se situava nos 25% da população.
Verdade será, mas uma verdade
relativa. Pois nestas coisas da evolução teremos sempre de ter em conta de onde
se parte e, em 1930, essa taxa era de 60%. O que quer dizer que em 44 anos
existiu uma redução no analfabetismo de 35%.
Convém ainda dizer que, nos 20 anos
da I República, tão elogiada por essa mesma esquerda (1910 a 1930), isto é,
cerca de metade do tempo que durou o Estado Novo, a redução do analfabetismo não
foi além dos 9%, passando de 69% para 60%.
Durante os períodos mencionados era
considerado analfabeto quem não soubesse
ler, escrever (contar quase todos sabiam, porque a necessidade assim obrigava),
falar e ouvir de maneiras significativas e socialmente aceitáveis,
competências mínimas para aceder às exigências sociais nessa época. A partir do
inicio do século XXI, a estas incapacidades, teremos de juntar o não domínio mínimo da informática, não
saber conduzir e, sobretudo, não saber interpretar. Se formos avaliar a
totalidade destas competências, alguém acredita que a taxa de analfabetismo em
Portugal, no ano de 2021, se ficará nos 25%?
Esta competência da “interpretação” é
tanto mais importante, quando entramos no mundo dos números e aí, não tenhamos
dúvidas, o povo português não é muito dado a essas coisas das contas. Os
socialistas sabem disso e, por isso, nos enganam como patinhos. Senão vejam, em
dia de apresentação do OE 2022, as declarações dos governantes:
“- Governo garante que este é um orçamento para os jovens, as famílias e
classe média;
- Ninguém paga mais impostos com mexidas no IRS.”
e os títulos dos jornais de uma comunicação social dominada pela esquerda, comprada pelo governo, analfabeta e preguiçosa:
Para além destes títulos, que nos
levam a pensar que os contribuintes irão beneficiar nos impostos a pagar no
próximo ano, nas páginas centrais, numa simulação manhosa, dizem-nos:
“Um casal com 1 filho, que tenham um rendimento bruto mensal de
1 500 euros cada, poupará no final do ano em IRS, 50 euros!”
Mas será mesmo assim. E em outros
impostos, como por exemplo, nos combustíveis, qual a diferença em relação ao
passado?
Vamos lá então a esta simulação e
verificar os ganhos dos contribuintes:
1 – Imaginem um casal com 2 carros
para se deslocarem no dia a dia para as suas actividades laborais;
2 – Imaginem que até nem percorrem
grandes distâncias: 40 km/dia, cada um. Isto é, no total 80 Km diários entre as
duas viaturas. Penso que perfeitamente normal na vida de um casal;
3 – Supondo que o mês tem cerca de 20
dias de trabalho, no final do mês este casal terá percorrido 1 600 Km.
Continhas “em baixa”, 17 600 Km
no final do ano. Acham muito? Quem é que habitualmente faz menos, nem que seja
apenas com 1 popó? E não estou a meter os fins de semana e as “indispensáveis” férias algarvias!
4 – Para percorrer estes 17 600
Km, com um “carrito” que fizesse uma média de 6 litros/100 Km, o freguês precisava
de meter pelo menos 1 056 litros;
5 – Quando o preço médio de um litro
de gasolina era de 1,40 euros/litro, para percorreram os tais 17 600 Km,
o freguês teria de desembolsar cerca de 1 500 euros/ano. Destes, 65%
seriam para Impostos (IVA + ISP e outras taxas), isto era, cerca de 970 euros para os cofres do Costa e do Leão;
6 – Agora imaginem os meus caros
amigos (não precisam imaginar, é mesmo real), que dita, está a 1,70
euros/litro!
Não tem nada que saber, para os
mesmos 1 056 litros terão de desembolsar 1 796 euros/ano. Como os
ditos governantes não abdicam dos 65%, os impostos a pagar será agora, pela
mesma quantidade de combustível, de 1 168 euros.
Isto é, mais 198 euros de quando a
gasosa estava a 1,40 euros/litro;
Perguntarão os meus amigos então o
Costa não é amigo?
Claro que sim, basta fazer as contas.
O genial Costa diz que nos poupou 50 paus em IRS; em compensação, levou-nos em
impostos sobre o combustível, sem ter feito absolutamente nada, mais 198 euros.
Subtraindo os 50 euros que nos poupou no IRS, feitas as contas, pagaremos mais 148
euros só nestes impostos. Digam lá que o Costa não é um gajo porreiro!
O analfabetismo dá um jeito do caraças a muitos regimes!