quinta-feira, 25 de abril de 2024

25 de Abril – Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança, mas em todos os tempos é tempo de mudança...


Este é o discurso que hoje gostaria de ter feito na Assembleia Municipal de Marvão de que sou membro efetivo. Mas a Mesa dessa assembleia não me deu tempo para tal.

Em 25 de Abril de 1974 eu era um jovem de 17 anos de idade; tinha saído de casa de meus pais e deixado o meu concelho de Marvão com 14 anos, para trabalhar por conta de outrem como operário metalúrgico e frequentar o ensino noturno numa escola secundária, porque o dia era de trabalhar 9 horas diárias para ganhar a vida. O mesmo acontecia com a maioria dos jovens da minha geração.

Quando relembro essa 1ª fase da minha existência, vivida no anterior regime, recordo-me de, talvez com 10/11 anos de idade, começar a aperceber-me que vivia num regime proibitivo de liberdades, quer as individuais quer as de associação; era ainda um regime ditatorial, autoritário, censor, opressor e policial para tudo o que fossem atividades políticas fora do partido único. Lembro-me também, de tempos a tempos, recebermos em casa, através do correio, uma carta com uns nomes que eu não conhecia, e o meu pai também não, para ser reenviada ao remetente. Chamavam-lhe “eleições”. Claro que o meu pai jamais o fez, mas os papeis continuavam por lá e me faziam questionar quem seriam os figurões dos nomes!

 Mas o que eu mais detestava nesse regime era o sustento de uma guerra em terras de África, para onde mandava os seus jovens aos 20 anos, na flor da idade, para matarem e morrerem numa causa que eu não compreendia. Foi para lá, que vi partir o meu irmão em 1961, os meus 2 primos mais chegados, Joaquim e José ( entre 1966 e 1970), e o meu melhor amigo de infância em 1973. Eu abominava essa guerra e tinha um pavor indescritível de ver chegar a minha vez.

Foi por isso que, desde tenra idade, me comecei a interessar por tudo aquilo que me poderia servir para contestar e intervir contra aquela ordem social e política insuportável no final do século XX. Uma das primeiras recordações que tenho, teria os meus 10 anos de idade, e vivendo num ambiente rural, foi começar a ouvir as emissões das rádios subversivas, que emitiam do estrangeiro, como a BBC, a Rádio Argel e a Rádio Moscovo. O gozo que aquilo me dava ouvir falar mal do nosso governo e governantes. Foi a partir daí que comecei a formar a minha consciência política. Aos 15 anos comecei a frequentar as associações de estudantes proibidas. Aos 16 anos já havia lido livros como Portugal e o Futuro de António de Spínola e o Portugal Amordaçado de Mario Soares.

Mas foi em 22 Janeiro de 1974, que fiz a minha primeira ação num ato subversivo ao regime ao participar numa greve, três messes antes da data que hoje aqui celebramos. Sendo umas das atividades mais reprimidas pelo regime, ainda hoje me questiono sobre a razão porque a PIDE não me levou para as célebres “correções” de Caxias, Aljube, ou Peniche!

Foi por isso que, quando chegou o 25 de Abril de 1974 e, consequentemente, acabaram com muitas destas atrocidades, sobretudo a Guerra de África, que rejubilei e vim para a rua festejar e, quase acreditei, talvez por ser jovem, nas ideologias dominantes do novo regime que nos prometiam um novo mundo tipo “dos amanhã que cantam”.  Mas a realidade da vida encarregou-se de me mostrar que isso não passava de sonhos de juventude.

Hoje, passados que são 50 anos sobre a data que hoje aqui comemoramos, e perante o que atrás escrevi, não quero entrar na onda dominante e folclórica daqueles que acreditam que o anterior regime só tinha defeitos e o novo só tem qualidades. É minha opinião, que como todos os projetos, nomeadamente os regimes políticos, quando se prolongam demasiado e não se reformam, acabam mal.

Dos célebres 3 D´s que o MFA nos prometeu - Descolonizar, Desenvolver e Democratizar; quanto aos 2 primeiros, muito deixam a desejar. A descolonização esteve longe de ser exemplar; e quanto ao desenvolvimento, sucedeu aquilo que era normal, fosse qual fosse o regime. Aliás, nunca nestes 50 anos de democracia se atingiram valores de crescimento económico como o dos últimos anos do regime anterior. Compare-se, por exemplo, os últimos 10 anos de cada regime:

- Entre 2014 e 2023 a média de crescimento anual foi de 2,0%/ano;

- Entre 1964 e 1973 o valor foi 5,8%/ano.

Valerá ainda apenas relembrar que, nestes últimos 50 anos, tivemos 3 bancas rotas e tivemos de pedir auxílio ao exterior.

Outras das maiores acusações que se faz ao antigo regime é de ter um analfabetismo vergonhoso. Mas essas avaliações nunca têm em conta de onde se parte, vejamos então o que se passou durante os 50 anos de cada regime:

- Em 1933 a taxa de analfabetismo em Portugal rondava os 60%; em 1973 essa taxa era de cerca de 18%; isto é, em 40 anos registou-se uma redução de 42 pp.

- Em 2024 a taxa de analfabetismo ainda é de cerca de 3%, que nos diz que, em 50 anos do atual regime, essa taxa apenas diminuiu 15 pp.

Mas não podemos negar que o “D” de democratizar esteve perto de alcançar o seu desiderato e, só por isso, o 25 de Abril tenha valido a pena. Não me vou aqui perder em grandes loas a esse sucesso, certamente, a maioria de vocês o farão por mim. Quero antes partilhar convosco um conjunto de preocupações que me vêm apoquentando, que nos mostram alguns “podres” desta “pseudo Democracia” em que vivemos, e que, enquanto comunidade nos deveria levar a agir e não apenas a comemorar e festejar.

O exercício democrático, que faz a Democracia, não se pode ficar apenas pelo despejar de um voto que nos “pedem” periodicamente, ou fazer festas de comemoração quando chega esta data. A Democracia tem de ser praticada todos os dias e em todos os atos ou processos comunitários.

Aqui deixo alguns desses sinais e sintomas, esperando não machucar ou agredir alguém, se tal suceder, creiam, é “... a bem da DEMOCRACIA”:

- Será democracia desperdiçar cerca de um milhão de votos dos portugueses e não haver a coragem de criar um círculo nacional para que todos os que votam se vejam representados?

- Será Democracia haver governantes que acham que uns votos são bons, os meus; e outros são os maus, os de outros?

- Será Democracia ter um sistema judicial que leva já mais de 10 anos para julgar um ex-chefe de governo acusado de vários crimes?

- Será Democracia em 2023 encontrar escondido 76 mil euros no gabinete do secretário de estado do 1º ministro e até hoje não sabermos a origem nem para que serviam?

- Será Democracia um primeiro ministro, com problemas com a justiça, vir pressionar os órgãos judiciais que resolvam o seu caso rapidamente porque quer resolver a sua vidinha e, ao longo de 8 anos se esteve nas tintas para os restantes cidadãos nessa condições?

- Será Democracia os eleitos manterem-se nos cargos após condenação pela justiça a perda de mandato?

- Será Democracia certos eleitos, autarcas ou deputados, quando em cargos de presidência de órgãos, acharem que o seu mandato é mais legítimo do que o de qualquer outro eleito?

- Será Democracia quando em eleições enviar listas para tribunal de acordo com a lei da paridade entre homens e mulheres e, depois na prática, quando se formam executivos, fazerem o que lhes apetece e surgirem apenas homens?  

- Será Democracia certos candidatos a autarcas e a deputados, pagarem a eleitores para votarem neles, obrigando os ditos a provarem através de fotografia ao voto tirada em plena assembleia de voto?

- Será Democracia os partidos políticos em eleições internas, organizarem pagamento de cotas a militantes, para que estes votem em quem lhes pagou e, depois, os beneficiários escolherem futuros autarcas e deputados, muitas vezes eles próprios?

- Será Democracia que alguns partidos políticos quando em eleições internas, votarem meia dúzia de militantes e depois apareceram nas distritais 10 ou 20 vezes mais votos de militantes que lá não puseram os pés, para assim tornarem as concelhias mais poderosas?

Isto são apenas alguns pequenos exemplos de como a atual democracia já pouco fica a dever ao anterior regime. Em resumo, a Democracia só será o melhor dos regimes se tivermos democratas e, isso, é papel de nós todos.

Perante isto, não sei se o regime que se iniciou em 25 de Abril de 1974 estará para durar, mas que não está lá de muito boa saúde, não está e, em certas maleitas, não difere muito do anterior. O conjunto de sintomas e sinais que dele emanam são sinais de doença grave e deveria fazer-nos agir e não apenas refletir e festejar de cravo na mão ou na lapela, antes que aqueles que em 1974 foram derrubados, ou outros, não se apresentem como os novos heróis numa qualquer data que festejarão de seguida.

Apesar de tudo isto, gostava de deixar uma mensagem de esperança para o futuro através das palavras de Luís Vaz de Camões:

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades/Muda-se o ser, muda-se a confiança/Todo o mundo é composto de mudança/Tomando sempre, novas qualidades.

Continuamente vemos novidades/Diferentes em tudo da esperança/Do mal ficam as mágoas na lembrança/E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto/Que já coberto foi de neve fria/E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia/Outra mudança faz de mor espanto/Que não se muda já como soía.

Mas se todo o mundo é composto de mudança/Troquemos-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança...

terça-feira, 23 de abril de 2024

Sobre as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril em Marvão

 A minha intervenção na última Assembleia Municipal de 19/4

- Há mais de 1 ano, mais propriamente em Setembro de 2022, foi anunciado pelo senhor presidente da assembleia, que a assembleia municipal de Marvão iria organizar um programa de atividades comemorativo dos 50 anos do 25 de Abril de 1974;

- Em 17 de Fevereiro de 2023 o senhor presidente da assembleia informou nesta assembleia a criação de uma Comissão para organizar essas comemorações composta pela mesa da assembleia municipal e os representantes das forças políticas representadas que, no caso, foram Teresa Simão da coligação Marvão à Frente e Catarina Machado do Partido Socialista;

- Na assembleia de Setembro de 2023, Teresa Simão comunicou nesta assembleia, que depois da 1ª reunião nunca mais tinha tido qualquer contacto da Mesa para reunirem e programarem as atividades a realizar. Desde essa data, segunda a Teresa, nunca mais foi contactada;

- Também eu, enquanto membro da assembleia, não tive conhecimento de qualquer Programa de Comemorações, nem me constou que, até ao momento, tenha existido qualquer atividade de realce organizada pela assembleia municipal. As atividades que foram referidas foram as já existentes em todos os anos, tais como o 24 de Janeiro e 5 de Outubro

- Foi-nos comunicado por e-mail em 22 de Fevereiro deste ano, que se iria realizar no dia 25/4/2024, uma AM extraordinária alusiva à data com o slogan muita bonito “garantir dignidade das cerimónias solenes”. Foi-nos ainda comunicado que, caso desejássemos intervir deveríamos comunicar até 15/3, isto é, com mês e meio de antecedência da data da cerimónia;

- Eu comuniquei no prazo a minha vontade de intervir. Mas sei, quando alguns membros desta assembleia, se tentaram inscrever, ainda com 1 mês de antecedência, o senhor presidente da assembleia negou-lhes a possibilidade, argumentando que já o faziam fora do prazo;

- Após ter conhecimento que a assembleia anunciada e denominada pelo senhor presidente da assembleia como “digna e solene” iria ter apenas 1 hora de duração, prevendo eu dificuldades de programação, propus em 31 de Março que essa mesma assembleia extraordinária, se realizasse na tarde de 25 de Abril de forma a garantir alguma dignidade anunciada. Tal proposta foi negada pelo senhor presidente da assembleia;

- A argumentação foi a de que existiam as festas tradicionais de São Marcos em Santo António das Areias, considerando o presidente da assembleia, de “maior importância” que a sessão comemorativa do 25 de Abril;

- Na sequência, tal como hoje aqui foi comunicado, foi-me informado que me seriam concedidos 3 minutos para fazer a minha intervenção nessa assembleia. Como é lógico, recusarei! Não precisaria de 15 minutos, como alguns membros desta assembleia, mas pelo menos 7 ou 8 minutos para falar sobre o 25 de Abril, seria o mínimo dos mínimos. Agora 3 minutos! Em minha opinião, esse tempo, pouco mais dará do que saudar com respeito os presentes e “fazer um viva ao 25 de Abril”! E isso, eu acho que não é solene quanto mais digno. Pode por isso o senhor presidente da assembleia dispor desses 3 minutos para o que melhor lhe aprouver;

- E, é isto caros membros da AM. No dito dia 25 de Abril, o que teremos de novo em relação aos anteriores anos, será só e apenas uma AM extraordinária de 1 hora, em que se nega aos membros desta assembleia que intervenham com a tal dignidade. As restantes atividades que até agora dizem ter organizado, por mais que queiram integrá-las nas Comemorações, é o habitual de todos os anos.

- Para mim, eu que sou o único desta assembleia que já vivi em pleno as antecedências e as consequências de “25 de Abril de 1974”, tenho que vos comunicar que estou triste, que isto não é ABRIL, isto não é democracia, isto não vai ser solene nem tão pouco digno;

Esta é a minha opinião sobre as comemorações de 25 de Abril em Marvão e o Programa de Atividades organizadas pela AM. A conclusão é só uma: Falar e anunciar são uma coisa, fazer é outra bem diferente!

João Bugalhão, membro da AM de Marvão eleito nas listas do PSD.

sexta-feira, 22 de março de 2024

Sobre eleições legislativas no concelho de Marvão

No passado dia 10 de Março, fomos brindados com mais uma publicação do Partido Socialista, na sua página no Facebook (https://www.facebook.com/photo?fbid=1177979903587541&set=a.630501601668710 ),  congratulando-se por mais uma vitória do PS no concelho de Marvão, como se isso não fosse o normal. Com exceção de 2011,onde levaram uma valente “tareia” do Passos Coelho de 16 pontos percentuais, como se pode ver no Gráfico em baixo.

O que o PS não nos disse, é que, a exemplo de todo o país ( onde caíram13,4 pontos percentuais, de 41,4% para 28%);  no concelho de Marvão essa “queda” ainda maior e como nunca se tinha visto, caíram cerca de 15 pontos percentuais em relação a 2022 (passaram de 50% para 35%).

Em contrapartida a AD (PSD/CDS), não ganhando, subiu 3 pontos percentuais, passando de 29,1% em 2022 para 31,8% em 2024, ficando a meros 3 pontos percentuais do PS.

É de salientar ainda a subida vertiginosa do CHEGA, que passou de 7,4% em 2022, para 17,1% em 2024.


quarta-feira, 13 de março de 2024

Pois é, e durante os últimos 8 anos?

Vem agora Costa, Medina e Santos Silva, pressionar o PSD para "acordos de regime" nalgumas áreas da governação.
Curioso não é!



Esta estratégia só tem um objetivo, embalar a maralha para manutenção no aparelho de Estado dos “boys” socialista que tudo ocuparam nos últimos 8 anos. Nunca a metáfora do José Afonso se aplicou com tanta propriedade:
“eles comeram tudo e não deixaram nada...” e, agora, ai que temos os tachos em risco, vamos lá a ver se amenizamos isto!
Espero, sinceramente, que o novo governo “dessocialize”, de uma vez por todas, o aparelho de estado, que está que é uma vergonha, ocupado por gente, que a única competência que se lhes conhece, é terem “cartão” do PS, ou serem amigos de quem o tem. Espero, também, que resistam à tentação de uma substituição, pura e simples, por “boys” da sua área política.
Se forem capaz de o fazer num horizonte próximo, só por isso, já terá valido a mudança.

quinta-feira, 7 de março de 2024

Um dia “bonito” com chuva ...

Impreterivelmente, como quase todos os dias, levantei-me pelas 5 horas e 45 minutos para a minha caminhada diária. Assim que pus os pés no chão, e depois de fazer os meus poucos exercícios de mobilização das articulações e esticar dos músculos, como um gato ou qualquer ou outro felino quando se levanta, ouvi que chovia como o caraças. Pensei, ainda bem, desde que não haja vento. Um pequeno impermeável e o guarda chuva, e venha ela, que cá em baixo é que faz falta, como diz o povo, ao que eu acrescento aquela máxima da tropa “chuva civil não molha militares”, e eu, embora já sem farda, ainda não me esqueci desses tempos.

Pouco passava das 6 horas, cai uma mensagem no telemóvel: “Hoje não vou”! Era o meu amigo Artur, companheiro de lide há 4 meses consecutivos quase sem falhas, e que, neste inverno chuvoso, atrevo-me a dizer um dos mais abundantes dos últimos 20 anos,  aparece sempre, pontualmente ás 6h e 30m, sem guarda chuva e em calções, indiferente à quantidade da dita ou ao frio que também tem estado. Mau, pensei que passará? Será que afinal andava a enganar-me e não é tão valente, às intempéries, como eu pensava! Respondi com um “Ok”, e espero que seja isso, que não seja nada pior, porque isso tem remédio.

Pouco depois, já equipado, metia os pés ao caminho, com a tal chuva certinha, bem caída e, tal como eu desejara, sem vento. O plano era o circuito rural do costume, mas não sei bem porquê, indo sozinho, resolvi variar e meter por um circuitos urbano, pelas ruas da cidade branca do alto Alentejo, cercada de oliveiras e sobreiros..., se a intensidade da tal bendita chuva aumentasse, sempre podia abrigar-me debaixo de uma qualquer varanda, e ver a cidade acordar.

Descia a denominada rua do comércio e, reparei que caminhando à minha frente com 50 metros de dianteira, seguia uma “figura” inconfundível que, rapidamente, identifiquei como sendo o meu colega de profissão e amigo Zé Rui. Caminhava com o seu estilo bamboleante inconfundível de mochila às costas, capuz na cabeça do seu “kispo” e guarda chuva fechado, pendurado no braço, apesar de chover com intensidade.

Aumentei um pouco a minha passada e, rapidamente, o alcancei. Cumprimentámo-nos com alguma “distância”, que o Zé Rui não é de grandes efusividades, e eu também não, e lá fomos durante algum espaço e tempo, conversando sobre coisas nossas, até que cada um seguisse no seu azimute.

Desde o tempo de estudantes de enfermagem que conheço o Zé Rui, embora a convivência dos últimos 40 anos não seja muito efetiva, embora procure seguir, à distância, o seu percurso de vida. O Zé é uma daquelas pessoas de quem é impossível não gostar, desde que respeitemos a sua diferença, e eu sempre o tentei. Talvez, por isso, me considere seu amigo, muito para lá daquilo que talvez eu mereça.

 Do nosso encontro de hoje vou reter as suas palavras simples, mas penso que honestas, da nossa despedida e que certamente não irei esquecer tão depressa:

“Bugalhão obrigado por estes 5 minutos, acredita que já ganhei o dia!”

Não lhe respondi, mas o Zé sabe o que eu penso, mesmo num dia de chuva...

 

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Eu quero morrer no meu cantinho – Se possível, velhinho, independente e junto daqueles que gostam de mim!

Um dos maiores problemas das “urgências hospitalares” e que urge resolver com urgência

Há dias, quando da visita do ministro da saúde ao concelho de Marvão, o presidente da Câmara, assumindo que tinha algumas dificuldades em perceber/dominar as dinâmicas dos serviços de saúde, pediu-me ajuda sobre algumas ideias/sugestões a apresentar ao ministro, com vista a melhorar os cuidados de saúde aos habitantes do concelho.

Dividi esse apoio em 2 Capítulos :

1 – Um pequeno diagnóstico de situação;

2 – Algumas ideias/sugestões que elenquei para a melhoria da prestação de cuidados, nomeadamente: o que deveriam ser as responsabilidades dos serviços de saúde e que contributos poderia dar município.

Uma das ideias que sugeri, que parece que agradou ao senhor ministro, verbalizando até, que era apenas a segunda vez que lhe falavam disso, diz respeito à forma como se vive a fase terminal da vida, morre e onde se morre em Portugal.

A minha sugestão foi a seguinte:

“Criação de um projeto piloto de prestação de cuidados de saúde com as IPSS do concelho (sobretudo cuidados médicos), para diminuir ou evitar o recurso constante destes utentes aos serviços de urgência hospitalar, em situações clinicas que a maioria poderia ser resolvida no local com um pouco de bom senso, e, consequentemente, minimizar a situação degradante do acumular de pessoas em macas nos corredores hospitalares, a maioria em fase terminal de vida, ou mesmo para aí morrerem, quando se houvesse um profissional médico que assistisse estas situações, em articulação com as famílias, iria permitir alguma humanização na fase terminal da vida e da morte, com benefícios para todas as partes e diminuição de custos para todos.”

Quem já entrou numa urgência hospitalar, mesmo que seja por breves instantes, não pode ficar indiferente à quantidade macas nos corredores hospitalares, ocupadas por estas pessoas com idades superiores a 85 e 90 anos,  a maioria das quais, pouco ou nada se pode fazer em termos de cuidados de saúde hospitalares, que ali permanecem e, morrem, em condições desumanas, degradantes, longe dos seus familiares e do seu leito de abrigo (seja ele em casa ou na instituição residencial),  sujeitas a um encarniçamento de cuidados médicos de exames complementares inúteis que nada resolvem, tubos evasivos em todas as cavidades do corpo, que ocupam os profissionais de saúde da urgência  que deveriam ter o foco do seu trabalho no que, de facto, é urgente e não na prestação de cuidados paliativos para os quais não estão vocacionados, nem devem estar, porque não é essa a sua função no sistema de saúde.

Foi por isso, com agrado, sinal que há mais gente preocupada com este problema, que assisti ontem na RTP, à divulgação de um estudo sobre a esta temática – Onde se morre em Portugal, e a sua divergência com um conjunto de outros 32 países, como podem verificar no Gráfico em baixo:

Gráfico 1 – Onde se morre em Portugal (2012 – 2021)

         Fonte: Projeto EOL in Place

Como se pode verificar no Gráfico, em 10 anos, a divergência de Portugal em face desses países, passou de menos de 3%, (2010/2011), para 9% em 2020/2021). Com tendência para aumentar, se nada for feito e face às últimas estratégias medicocentristas e hospitalocentricas do SNS, e abandono dos cuidados de saúde primários (invadidos por profissionais de formação hospitalar, que nada percebem de cuidados primários de saúde), e cuidados paliativos.

Num breve exercício teórico e tendo em conta que em 2023, em Portugal, se registaram um total de 118 864 óbitos, inferindo que as percentagens se mantêm, quer dizer que apenas 27 576 óbitos se registaram nos domicílios; enquanto 91 288 óbitos ocorreram, certamente, nos hospitais.

Se estivéssemos ao nível das percentagens dos 32 países referidos no estudo, possivelmente, apenas 80 590 óbitos teriam ocorrido nos hospitais; o que daria uma diferença de cerca de 10 600 pessoas que morreriam no seu cantinho, possivelmente junto daqueles que lhes são mais queridos e que melhor os podem ajudar nessas horas difíceis. E quanto se pouparia em cuidados de saúde hospitalares que poderiam e deveriam ser dirigidos para outras áreas?

Este problema urge ser encarado pelo próximo governo. Os portugueses agradecem e deveriam exigir...


quarta-feira, 15 de novembro de 2023

39 anos depois

No passado dia 11 de Novembro, juntaram-se para um almoço de convívio, o grupo de Enfermeiros do Curso 1982/84, da então Escola de Enfermagem de Portalegre. O almoço realizou-se em Alpalhão no Restaurante a Regata.

Estiveram presentes 13 dos 24 alunos/enfermeiros que terminaram o Curso nesse longínquo ano de 1984. Para memória futura:

- Carlos Maia (Instituto Politécnico de C. Branco);

- Fátima Cardoso (Hospital de Abrantes);

- Fernanda Duarte (Aposentada);

- Filomena Garcêz (Hospital Pulido Valente);

- Hermínia Silvestre (Hospital de Abrantes);

- Graça Temudo (Hospital de Santa Maria)

- João Bugalhão (Aposentado);

- José Dimas ( Hospital de Portalegre);

- Manuela Gomes (Hospital de C. Branco);

- Manuela Pereira (Hospital de V. F. de Xira);

- Margarida Velez (Hospital de Portalegre);

- Silvina Azeitona (Hospital de Portalegre);

- Susana Tavares (Ministério da Saúde). 

A maior satisfação deste convívio foi ver pessoas que conviveram/viveram durante 3 anos, alguns em comunhão de casa e mesa, em que alguns, nunca mais se tinham visto. Em sentido oposto foi verificar como mudámos e, o que 4 décadas, fazem às pessoas, para o bem e o menos bem. Felizmente ainda estamos todos vivos.

Ficou desde já decidido que no próximo ano nos voltaremos a encontrar para comemorarmos  4 décadas de exercício da nossa profissão. Para organizar esse convívio, foram nomeados (à força e sem direito a reclamação), os colegas Manuela Gomes e Carlos Maia.

O único senão/lamento do evento foi a falta de 11 colegas, a maioria sedeados no distrito de Portalegre. Faço votos para que, para o ano, possamos estar a totalidade ou, pelo menos, a grande maioria. As oportunidades de estarmos todos, não serão muitas mais no futuro, pois a lei da vida não perdoa.

Obrigado a todos os que estiveram presentes e, um incentivo aos que não puderam estar este ano.

Por fim, um OBRIGADO muito grande a toda equipa do Restaurante a Regata, na pessoa do João Junceiro, pela forma 5* como nos trataram.   


A reportagem em imagens possível:


À direita: Hermínia, Fátima, Filomena Garcêz e Manuela Pereira



Da esquerda para a direita: João Bugalhão, Graça Temudo, Susana Tavares, Silvina, Magui e marido da Manuela Pereira.



Da esquerda para a direita: Fátima, Hermínia e Fernanda Duarte



Da esquerda para a direita: Manuela Gomes, Carlos Maia, marido da Fernanda Duarte e José Dimas (a espreitar o telemóvel)


Os próximos organizadores em 2024


Carlos Maia e Manuela Gomes

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Paradoxos da vida política marvanense


Hoje, por proposta do Partido Socialista, foi aprovado em reunião de câmara, por maioria (!), a isenção de IMI (imposto municipal sobre imóveis) para os imóveis (salvo a redundância) dentro da vila de Marvão.

Constatei que o vereador do Partido Socialista, Jorge Rosado, saiu da sala e não participou na discussão nem na votação! Pergunta óbvia e inocente: Porque terá sido?

Nota: Já agora, os restantes marvanenses nada têm a dizer? Não são os proprietários da vila os que mais beneficiam da valorização desse mesmos imóveis no concelho e benefícios do turismo? Não seria muito mais razoável baixar para todo o concelho 1 ponto ou 0,5 da atual Taxa de IMI para todo o concelho?

É que a vida custa a todos...



terça-feira, 10 de outubro de 2023

Com papas e bolos se enganam os tolos!

 

Hoje estive a ver a apresentação do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2024 pelo nosso Fernando (fofinho) Medina.

As mentiras foram muitas, certamente nos próximos dias iremos ouvir falar delas, isto é: a farsa continua. Mas situemo-nos apenas numa por me parecer demasiado importante e com a qual somos continuamente bombardeados e, claro, aldrabados.

À pergunta de um senhor jornalista sobre “como é que com tanta redução de impostos a Carga Fiscal continuava a aumentar” todos os anos, inclusive em 2024, o senhor ministro Fernando fofinho, saiu-se com esta pérola que, suponho, faria chumbar qualquer aluno do 1º ano de economia.

Respondeu então o nosso Fernando, que tal se devia ao facto de, hoje, haver mais cerca de 1 milhão de pessoas a trabalhar do que em 2016 quando o “ganda” Costa tomou posse dos governos deste pobre país e, deste país cada vez mais pobre.

Dou de barato a mentira de gaiato de 10 anos, como se a Carga Fiscal tivesse apenas contribuições dos rendimentos do trabalho (IRS e Contribuições para a Segurança Social), esquecendo o IVA (imposto que mais contribui para a Carga Fiscal) e a outra catrefada de impostos indiretos. Por isso resolvi ir um pouco mais longe e desmascarar estes vendedores da “banha da cobra” de pacotilha.

Vejamos então, com números concretos de 2022, as últimas contas disponíveis (as de 2023 não serão muito diferentes e talvez mais favoráveis à minha tese):

No Quadro em baixo fica bem claro, em termos percentuais, qual o imposto que mais contribuiu para o aumento da Carga Fiscal. Claro que foi o IVA, que em 2016 representava apenas 23% do total das receitas, e em 2022 representava 25%. Quanto aos tais rendimentos do trabalho IRS e SS, eles mantêm-se praticamente na mesma: 18,5% e 32% respectivamente, do total da Carga Fiscal.

A pergunta que fica ao senhor ministro “fofinho”, que tanto gosta de comparações relativas (como sempre faz com a dívida pública), é que: se temos mais 1 milhão de pessoas a trabalhar porque é que o IRS e as Contribuições para a Segurança Social mantêm as mesmas percentagens?

Fica claro que não é à conta destas rubricas que a carga fiscal sobe, mas sim dos impostos indiretos. Mas a malta gosta.

Este “artista” dá uma bolota (IRS) e, a seguir, vem buscar um porco gordo (IVA)!



quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Medina ou pede a demissão ou pede o divórcio!...

 

1 - No princípio de 2022, a senhora engenhêra alexandra quinhentos mil reis, incompatibilizou-se com a chefona da tap. Madame medina é, por essa data, a responsável  jurídica dentro da administração da empresa;

2 - No início de Fevereiro de2022, é celebrado um acordo “jurídico” entre a tap e a senhora engenhêra alexandra quinhentos mil reis, para esta abandonar o seu cargo de administradora na empresa (onde é colega de madame medina na dita administração), a troco de uma indemnização de meio milhão de aéreos. É suposto, digo eu, que madame medina soubesse da coisa, senão o que estava lá a fazer?

3 - Em Março de 2022, medina fernando, toma posse como ministro das finanças (o melhor dos 3 de costa, diz sua excelência o prof. marcelo);

4 - Em final de Março desse mesmo ano, madame medina, pede a demissão de administradora jurídica da tap, com prejuízo da sua brilhante carreira, alegando incompatibilidade com o cargo do marido fernando, e para não o prejudicar no seu desempenho de ministro do dinheiro e, até quem sabe, de futuro “primeiro”, a que corresponderá a ela o cargo de primeira dama deste podre reino;

5 – Em 2 de Dezembro deste ano da graça de 2022, a senhora engenhêra alexandra quinhentos mil reis é nomeada secretária de estado (do tesouro que não existe) pelo medina fernando, excelso esposo da tal madame medina;

6 – É pouco crível que, madame medina, não soubesse da situação da engenhêra alexandra quinhentos mil reis, até porque quando as coisas se passaram ela era a responsável jurídica da tap e colega da alex.

7 – Não é crível também, a não ser no mundo dos pacóvios, que madame medina não soubesse que a nomeação, pelo marido, de uma pessoa com tal currículo, não viesse a prejudicar  ou quiçá por até em causa, o cargo do marido ministro e pelo qual, ela, até havia abandonado a sua brilhante carreira de jurista da tap, sem ao menos lhe “soprar”, nem que fosse muito baixinho: Fernando, vê lá com quem andas metido, olha a nossa vida!...

8 – Vem agora, o medina fernando, ministro das finanças falidas (o melhor dos 3 de costa, diz sua excelência o prof. marcelo), dizer que não sabia de nada do passado da engenhêra alexandra quinhentos mil reis e que a culpa é do menino pedro nuno dos popós que nunca lhe disse nada!

Oh medina fernando ou pedes a demissão porque nos estás a enganar, ou pensas que andamos a comer gelados com a testa; ou pede o divórcio imediatamente, porque tens ao teu lado alguém que não anda a cumprir os seus elementares deveres segundo os mais sagrados princípios bíblicos.


quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Meio Fórum, metade de Marvão, apenas um olhar socialista e uma oportunidade perdida.

(Uma comunidade acrítica, que só bate palmas e diz que sim; uma comunidade de uma só cor - nem que seja a cor de rosa, que só olha para o seu umbigo, que despreza o contraditório; é uma comunidade que está ou caminha para o declínio ou mesmo para a extinção. Eu não quero participar.)


Realizou-se no passado sábado dia 5/11/2022, aquilo a que a Mesa da Assembleia Municipal de Marvão (AM), denominou de Fórum Marvão. Tal como escrevi aqui antecipadamente, tratou-se de uma organização com uma metodologia duvidosa, pois não envolveu os 2 Grupos Municipais (GM) representados na AM, quer no planeamento quer na sua organização. A Mesa da Assembleia, constituída apenas  por membros do partido socialista, organizou e realizou um evento partidarizado, enviesado à esquerda (veja-se a quase totalidade dos convidados e participantes) e, por isso, quando muito, apenas se dirigiu e abrangeu metade dos marvanenses, os que se reveem nessa área política.

Também, tal como aqui foi divulgado, a não participação do GM Marvão à Frente PSD/CDS-PP, que representa cerca de 50% dos marvanenses, não se deveu a qualquer capricho de somenos importância ou de trica político-partidária; a sua não participação teve a ver com as condutas e métodos pouco democráticos usados pela Mesa da Assembleia (useira e vezeira em quase todas as suas organizações), constituída na sua totalidade por membros do partido socialista, que num ato de prepotência e de abuso do seu poder absoluto maioritário ignorou o outro GM, indo até ao desplante de os apontar de serem pouco dados a esses eventos e, até, de serem "pouco pensadores dos problemas do concelho” (Jaime Miranda na AM de 23/9/2022), chamando-os apenas, no final, para “colorir” uma organização que o partido socialista  monopolizou desde a sua génese.

Com todo o respeito e consideração por aqueles que participaram e não se revejam neste modus operandi, o resultado só poderia ser o que foi: um evento amputado ou mesmo zarolho, enviesado à esquerda, à moda do partido socialista. Isto é, por mais que o PS queira demonstrar o contrário, o que aconteceu foi - Meio Fórum, metade de Marvão, apenas um olhar socialista e, uma oportunidade perdida!

Não sou, no entanto, como alguns poderão pensar, completamente "cego" ou insensível ao acontecimento, nomeadamente, sobre alguns dos temas ali tratados e dos participantes que ali os levaram.

Mas, tão pouco vou dizer, que fiquei embevecido (apenas porque é cool ou fixe à boa maneira socialista) com a participação do Painel de Jovens e que, só por isso, teria valido a pena esta organização. Gostaria também de esclarecer os menos atentos ou ainda jovens que, sobre o meu contributo no trabalho com jovens no concelho, julgo ser insuspeito, já que lhes dediquei dezenas de anos de trabalho voluntário. Mas, como já disse, há uma grande diferença entre aqueles que, apesar de pensarem pouco, executam o que pensam e aqueles que só pensam!

Claro que fiquei agradado com a coragem e alguns conhecimentos dos jovens participantes e de ver que, na roda da vida, alguém nos virá substituir, pois sempre assim foi e assim será, com muita pena daqueles que, como eu, em princípio, estaremos mais próximos de deixar o mundo dos vivos. Mas nada mais do que isso. São jovens e têm sonhos. 

Todavia, esses sonhos carecem de ser concretizados com meios e com muito trabalho. Se nos ficarmos apenas pelo orgulho (como disse o moderador), algumas lágrimas, e por palmadinhas nas costas, daqui a 20 anos estaremos, como hoje, a questionarmo-nos sobre o que foi feito desses sonhos da Margarida, da Leonor, da Mafalda, da Isabel e do Tiago.

No entanto, porque metade do concelho não esteve representada, eu até acho que foram mais, ficaram por dizer muitas coisas, nomeadamente:

- Existe algum concelho do interior de Portugal, governado pelo partido socialista, em que não se verifique despovoamento?

Se os exemplos forem Crato, Nisa ou Gavião (todos governados pelo PS) estamos conversados.

- Como vivem/sobrevivem os idosos em Marvão, que são 35% da população do concelho? Sobretudo os não institucionalizados?

- Quando existem pelo menos 4 concelhos que têm menos habitantes que Marvão, porque é que o concelho é o único do distrito que não tem serviços de atendimento ao fim de semana?

- Porque é que no conjunto das 5 instalações de saúde que existem no concelho, apenas uma é propriedade do ministério da saúde?

- Porque é que o concelho espera há mais de 5 anos pela construção da Extensão de Saúde de SS da Aramenha e que, no princípio, até estava programado para ser um Centro de Saúde?

- Qual é responsabilidade do partido socialista na falta de legislação sobre a construção de muros e vedações no concelho durante 6 anos?

- Porque é que o concelho de Marvão é, há mais de 20 anos, um dos últimos em poder de compra per capita de todos os concelhos a sul do Tejo?

(55% da média nacional em 2002 quando os socialistas ainda governavam em Marvão; e 67% em 2021);

- Porque é que o concelho de Marvão é, há mais de 20 anos, o concelho com mais baixo salário médio dos trabalhadores por conta de outrem de todos os concelhos a sul do Tejo?

(550 euros em 2002 quando os socialistas ainda governavam em Marvão; e 850 euros em 2021);

- Como é que uma população nestas condições, ainda consegue suportar tantos jovens no ensino superior, como são o exemplo dos que ali estiveram? Em que condições vivem os seus pais e avós para que isso seja possível?

Como reconhecerá senhor presidente da AM, se os vossos convidados tinham as respostas, o facto é que poucas perguntas foram feitas, não só à atual governação, mas também ao partido socialista, pois quando terminou a governação da câmara em 2005 a situação já era esta, ou ainda pior!

Quanto ao resto, na minha modesta opinião, que já estou fora do mundo dos sonhos, houve algumas participações que me agradaram pelas ideias e conteúdos e que poderão acrescentar algo para o futuro de Marvão.

Sem querer menosprezar os outros participantes, aconselho os marvanenses, sobretudo aqueles que têm poder de decisão, a verem e ouvirem com muita atenção as palestras do presidente do IPP, Luís Loures; do Padre Marcelino e do presidente da CCDRA, Ceia da Silva. Penso que trouxeram algo de importante à causa e fica aqui o meu reconhecimento enquanto membro de uma Assembleia Municipal que, enquanto Órgão Municipal, não foi tida nem achada neste “meio” Fórum Marvão.

Por fim, gostava de expressar aqui, publicamente (para além de já o ter feito em local próprio), um apelo à Mesa da Assembleia para que, em futuras organizações que envolvam a AM de Marvão, contem com a totalidade dos seus membros, envolvam-nos no planeamento e organização. Senão, por muito que se esforcem, sairemos sempre amputados e com perspectivas enviesadas.

De acordo com o slogan que vos é tão apetecido, “Todos Juntos” talvez possamos fazer melhor.

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Democracia e pluralidade à moda do Partido Socialista de Marvão

(Em nome da transparência, do esclarecimento aos marvanenses, para memória futura e para ficar bem com a minha consciência, achei que deveria fazer esta comunicação, que apenas a mim responsabiliza, nada devendo ser associado à Coligação partidária que integro).


Em 2002, há 20 anos, com a finalidade de promover a candidatura a património mundial, o poder político de Marvão organizou, com pompa e circunstância, um evento a que chamou: Fórum Marvão – Património, turismo e despovoamento/descaracterização dos centros históricos.

Nessa data, governava a câmara municipal de Marvão o partido socialista, sob a presidência de Manuel Bugalho. Não admira por isso que, a quase totalidade das personalidades participantes, fosse ligada a essa área política, como se pode ver aqui. (Procurar em: Livro/Fórum Marvão/Atas)

De acordo com as atas desse evento, destaco: Domingos Bucho, Manuel Bugalho, Ana Paula Amendoeira, Nuno Teotónio Pereira, Catarina Bucho, Catarina Dias e um conjunto de outras personalidades, portuguesas e espanholas, que não me foi possível apurar as suas orientações políticas. Mas, a julgar pelo modus operandi desse partido, tanto no passado como no presente, não me custa a crer que, na sua maioria, por aí navegariam.

Personalidades ligadas à área política social democrata ou democrata cristã é que não consegui encontrar ninguém. Nem de Marvão, nem do resto do mundo!

No entanto, tal facto não pode deixar ninguém admirado, pois como disse o socialista marvanense Jaime Miranda na última assembleia municipal de 23/9, aquando do protesto do GM Marvão à Frente sobre a metodologia usada pela Mesa da Assembleia, na organização do presente Fórum, afirmou, com algum desdém, que: “os socialistas não têm culpa que o PSD não tenha um pensamento para discutir os problemas de Marvão”!

Convirá, no entanto, relembrar aos socialistas, que os partidos que dizem não ter um pensamento sobre os problemas de Marvão são maioritários e governaram Marvão em cerca de 30 dos 45 anos que levamos de poder autárquico deste regime! Possivelmente, os marvanenses, preferem aqueles que fazem o pouco que pensam, àqueles que muito pensam e prometem, mas pouco fazem, como é apanágio dos socialistas a todos os níveis.

A ideia da organização do atual “Fórum Marvão” foi dado a conhecer ao GM Marvão à Frente PSD-CDS/PP, pela primeira vez, em 11 de Janeiro de 2022, numa reunião de representantes dos Grupos Municipais, pelo membro da Mesa da Assembleia Tiago Pereira, referindo “que o Fórum seria uma reflexão sobre o estado e o futuro do concelho”. Se essa era a finalidade, este anúncio teve a anuência imediata do representante do GM Marvão à Frente Fernando Dias, mas, solicitando logo ali, por mais que uma vez, conforme ata dessa reunião, a premissa, que “tal evento não fosse politizado ou partidarizado”.

Desde aí, só em 21 de Setembro de 2022 é que o tema voltou a ser abordado, através de mail do presidente da Mesa da AM, Jorge Marques, dirigido ao membro do GM Marvão à Frente Fernando Dias e que referia:

“Serve o presente para convidar V. Ex.ª a participar como orador nos 20 anos do Fórum Marvão, no dia 5 de novembro de 2022, data em que a Assembleia Municipal promove a 2ª edição do fórum. Enviamos em anexo o programa provisório para que possa verificar os temas e oradores constantes no seu painel.”

Desde Janeiro a Setembro de 2022 nunca foi pedido ao GM Marvão à Frente, qualquer participação ou colaboração. Nem sobre temas, nem palestrantes, nem organização, toda a responsabilidade foi da Mesa da Assembleia que, por acaso, é constituída por 3 membros do partido socialista.

Como se pode ver aqui, no Programa Provisório que nos enviaram, a premissa de não politização e partidarização do evento era altamente duvidosa, já que a quase totalidade dos participantes era da área do partido socialista, como a seguir se descreve:

- Jorge Marques – Eleito local pelo PS em Marvão;

- Ceia da Silva governante regional do PS;

- Ana Paula Amendoeira governante regional do PS;

- Manuel Bugalho ex-presidente da câmara eleito pelo PS;

- Natércia Fernandes eleita local pelo PS em Marvão;

- José Pinto Leite do PS Portalegre;

- Tiago Pereira eleito local do PS em Marvão;

- O Painel de jovens marvanenses convidados para o Painel 3, a maioria deles, ou já fizeram parte das Listas do PS ou, publicamente, defendem essa área política;

Para a área política do Marvão à Frente eram apontados apenas 2 nomes:

- A participação, por inerência, do Presidente de Câmara Luís Vitorino;

- E Fernando Dias, enquanto representante do GM Marvão à Frente.

A este conjunto de participantes, ainda acrescentaram ao Programa, entre outros, os seguintes convidados:

- O Presidente da CIMAA, Hugo Hilário, membro do PS;

- A Presidente da Ass. Nacional de Municípios, Luísa Sagueiro, eleita pelo PS;

- Ministro da Cultura, Adão e Silva, governante central do PS;

Quase se pode concluir que, participantes independentes, só mesmo o Padre Marcelino Marques!

Perante este cenário, prontamente, o GM Marvão à Frente, deu conhecimento à Mesa da Assembleia que, nessas condições de desigualdade e de falta de respeito, não iria participar e iria contestar o uso (abuso) do nome da Assembleia Municipal para a organização desse Fórum, pois não nos revíamos na metodologia organizativa sem a nossa participação, tanto dos temas, como dos participantes quase todos ligados ao partido socialista.

A resposta foi imediata, pela boca do Presidente da Mesa, que verbalizou “que não se faria qualquer alteração e que, quer com a nossa participação ou sem ela, o Fórum se faria”.  Logo ali informámos que, a não haver alteração, não iriamos apadrinhar nem participar numa organização que mais parecia umas “jornadas do PS”, do que uma organização plural de toda a comunidade marvanense, em que se pretendia “fazer uma reflexão sobre o estado e o futuro do concelho”.

Posteriormente, em mais uma ação de prepotência e deselegância política, para tentar “colorir” uma organização acinzentada/rosa, veio a Mesa criar um novo Painel no Programa Final, que não estava previsto no programa provisório e, para o qual, foi convidar duas pessoas fora do concelho da área política do PSD: os presidentes das AM´s de Portalegre e Castelo de Vide, sem lhes dar, ao menos, conhecimento sobre as razões da não participação do GM Marvão à Frente no evento.

Desejo todo o sucesso à organização e fico à espera das conclusões e resultados objetivos obtidos. Mas não lhes chamem FÓRUM MARVÃO, porque ao participarem apenas personalidades ligadas à área política socialista, quando muito, teremos apenas a reflexão sobre o estado e o futuro do concelho na perspetiva  do PS.”

Para amenizar, termino, com um pensamento/poesia do grande poeta socialista Manuel Alegre e que deveria guiar os socialistas de Marvão:

“... mesmo na noite mais escura, em tempos de servidão, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não.”

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Contas à moda do Costa


Todos os cidadãos, pelo menos os de poucas posses, sabem as consequências de não cumprirem a Lei. Vejamos duas infrações de “pouca” montra: Se eu for agarrado pela GNR ou PSP a conduzir com telemóvel na mão, são 120 paus pagos imediatamente e um processo judicial para saber quantos dias vou ficar inibido de conduzir e quantos pontos me tiram na minha licença de condução; se eu me esquecer de liquidar o IRS ao Estado, terei de pagar a quantia com juros e, se o esquecimento perdurar, imediatamente esse mesmo Estado me penhora todos os “bens” que eu tenha.

Mas se for o Governo, a coisa muda de figura. E se não chegar o não cumprimento da Lei, nada de problemas, muda-se a Lei. Isto se o Governo for do PS, porque se for PSD a coisa também muda de figura e, no dia seguinte, teremos um milhão de “paus mandados” a protestar nas ruas e o PS, PCP e Bloco se encarregarão de meter isso, pelo menos, no Tribunal Constitucional.

Mas porquê toda esta retórica?

– Aqui há uma dúzia de anos, um Governo PS, aprovou uma Lei que pressupunha um aumento percentual nas Pensões equivalente à inflação em Outubro do ano anterior;

– Em 2022 estima-se que esse valor ronde os 8%. Logo os aumentos das pensões em 2023, cumprindo a Lei, teriam que aumentar nesse valor. Ponto final, ao quadrado.

Vamos então a 2 exemplos de Pensões se o Governo cumprisse a Lei: uma baixa e outra média:

1º – Uma Pensão de 600 euros/mês deveria aumentar em 2023 para 648 euros; ou seja, 9 072 euros anuais;

2º - Uma Pensão de 1 500 euros/mês deveria aumentar em 2023 para 1 620 euros; ou seja, 22 680 euros anuais;

Mas como temos um Governo “fora da lei”, que não cumpre e obriga os cidadãos a cumprir, vejamos o que vai acontecer:

No primeiro caso, para uma pensão de 600 euros, em Outubro de 2022 o Pensionista receberá 300 euros por conta do que teria de receber em 2023. Só que em 2023 o aumento será apenas de 4,4% (e não de 8%) e receberá 626 euros/mês, em vez dos 648 que deveria receber se a Lei fosse cumprida. Anualmente serão 8 764 euros, menos 308 euros do que se a lei fosse cumprida. Como já recebeu 300, fica a perder 8 euros.

No segundo caso, em Outubro de 2022, o Pensionista receberá 750 euros por conta do que teria de receber em 2023. Só que em 2023 o aumento será apenas de 4% e receberá 1 560 euros/mês, em vez dos 1 620 que deveria receber se a Lei fosse cumprida. Anualmente serão 21 840 euros, menos 840 euros do que se a lei fosse cumprida. Como já recebeu 750, fica a perder 90 euros.

Mas o pior estará para suceder em 2024, isto se a Lei se mantiver e o Costa não se lembrar de mandá-la às urtigas, como anda a ameaçar. Estimando que a inflação no final de 2023 possa rondar os 3%.

No 1º caso o Pensionista passará para 645 euros. Mas se as contas não fossem à moda do Costa, deveria ser de 667 euros/mês. Menos 22 paus/mês.

No 2º caso o Pensionista passará para 1 606 euros, quando se as contas não fossem à moda do Costa, deveria ser de 1 669 euros/mês. Menos 63 paus/mês.

Agora façamos um suponhamos, que a média do saque em 2024 será de 40 paus/mês por cada Pensionista, isto dá a módica quantia de 560 paus/ano. Como temos cerca de 3 milhões e 700 mil pensionistas (mais ou menos), é só fazer as contas como dizia o outro socialista: 

- Em 2024  rondará os 2 mil milhões de euros;

- E em 2023, cerca de mil milhões.

E então o Passos Coelho é que era o malandro/ladrão por dizer que era necessário cortar 600 milhões/ano nas pensões, para manter a Segurança Social sustentável...

Mais uma vez é preciso batermos com a cabeça na parede para abrirmos os olhos e tomarmos medidas. Entretanto ficam "os galos".