(Uma comunidade acrítica, que só bate palmas e diz que sim; uma comunidade de uma só cor - nem que seja a cor de rosa, que só olha para o seu umbigo, que despreza o contraditório; é uma comunidade que está ou caminha para o declínio ou mesmo para a extinção. Eu não quero participar.)
Também, tal como aqui foi divulgado, a não participação do GM Marvão à Frente PSD/CDS-PP,
que representa cerca de 50% dos marvanenses, não se deveu a qualquer capricho
de somenos importância ou de trica político-partidária; a sua não participação
teve a ver com as condutas e métodos pouco democráticos usados pela Mesa da
Assembleia (useira e vezeira em quase todas as suas organizações), constituída
na sua totalidade por membros do partido socialista, que num ato de prepotência
e de abuso do seu poder absoluto maioritário ignorou o outro GM, indo até ao
desplante de os apontar de serem pouco dados a esses eventos e, até, de serem "pouco pensadores
dos problemas do concelho” (Jaime Miranda na AM de 23/9/2022), chamando-os apenas, no final, para “colorir” uma organização que o partido socialista monopolizou desde a sua génese.
Com todo o respeito e consideração
por aqueles que participaram e não se revejam neste modus operandi, o resultado
só poderia ser o que foi: um evento amputado ou mesmo zarolho, enviesado à
esquerda, à moda do partido socialista. Isto é, por mais que o PS queira
demonstrar o contrário, o que aconteceu foi - Meio Fórum, metade de Marvão,
apenas um olhar socialista e, uma oportunidade perdida!
Não sou, no entanto, como alguns poderão pensar, completamente "cego" ou insensível ao acontecimento, nomeadamente, sobre
alguns dos temas ali tratados e dos participantes que ali os levaram.
Mas, tão pouco vou dizer, que fiquei
embevecido (apenas porque é cool ou fixe à boa maneira socialista) com a
participação do Painel de Jovens e que, só por isso, teria valido a pena esta organização. Gostaria também de esclarecer os menos atentos ou
ainda jovens que, sobre o meu contributo no trabalho com jovens no concelho,
julgo ser insuspeito, já que lhes dediquei dezenas de anos de trabalho voluntário.
Mas, como já disse, há uma grande diferença entre aqueles que, apesar de
pensarem pouco, executam o que pensam e aqueles que só pensam!
Claro que fiquei agradado com a coragem e alguns conhecimentos dos jovens participantes e de ver que, na roda da vida, alguém nos virá substituir, pois sempre assim foi e assim será, com muita pena daqueles que, como eu, em princípio, estaremos mais próximos de deixar o mundo dos vivos. Mas nada mais do que isso. São jovens e têm sonhos.
Todavia, esses sonhos carecem de ser concretizados com meios e com muito
trabalho. Se nos ficarmos apenas pelo orgulho (como disse o moderador), algumas
lágrimas, e por palmadinhas nas costas, daqui a 20 anos estaremos, como hoje, a
questionarmo-nos sobre o que foi feito desses sonhos da Margarida, da Leonor,
da Mafalda, da Isabel e do Tiago.
No entanto, porque metade do concelho
não esteve representada, eu até acho que foram mais, ficaram por dizer muitas
coisas, nomeadamente:
- Existe algum concelho do interior
de Portugal, governado pelo partido socialista, em que não se verifique
despovoamento?
Se os exemplos forem Crato, Nisa ou
Gavião (todos governados pelo PS) estamos conversados.
- Como vivem/sobrevivem os idosos em
Marvão, que são 35% da população do concelho? Sobretudo os não
institucionalizados?
- Quando existem pelo menos 4
concelhos que têm menos habitantes que Marvão, porque é que o concelho é o
único do distrito que não tem serviços de atendimento ao fim de semana?
- Porque é que no conjunto das 5
instalações de saúde que existem no concelho, apenas uma é propriedade do
ministério da saúde?
- Porque é que o concelho espera há
mais de 5 anos pela construção da Extensão de Saúde de SS da Aramenha e que, no princípio, até estava programado para ser um Centro de Saúde?
- Qual é responsabilidade do partido socialista na falta de legislação sobre a construção de muros e vedações no concelho durante 6 anos?
- Porque é que o concelho de Marvão
é, há mais de 20 anos, um dos últimos em poder de compra per capita de todos os
concelhos a sul do Tejo?
(55% da média nacional em 2002 quando
os socialistas ainda governavam em Marvão; e 67% em 2021);
- Porque é que o concelho de Marvão
é, há mais de 20 anos, o concelho com mais baixo salário médio dos trabalhadores
por conta de outrem de todos os concelhos a sul do Tejo?
(550 euros em 2002 quando os
socialistas ainda governavam em Marvão; e 850 euros em 2021);
- Como é que uma população nestas
condições, ainda consegue suportar tantos jovens no ensino superior, como são o
exemplo dos que ali estiveram? Em que condições vivem os seus pais e avós para
que isso seja possível?
Como reconhecerá senhor presidente da
AM, se os vossos convidados tinham as respostas, o facto é que poucas perguntas
foram feitas, não só à atual governação, mas também ao partido socialista, pois
quando terminou a governação da câmara em 2005 a situação já era esta, ou ainda
pior!
Quanto ao resto, na minha modesta
opinião, que já estou fora do mundo dos sonhos, houve algumas participações que
me agradaram pelas ideias e conteúdos e que poderão acrescentar algo para o
futuro de Marvão.
Sem querer menosprezar os outros
participantes, aconselho os marvanenses, sobretudo aqueles que têm poder de
decisão, a verem e ouvirem com muita atenção as palestras do presidente do IPP,
Luís Loures; do Padre Marcelino e do presidente da CCDRA, Ceia da Silva. Penso
que trouxeram algo de importante à causa e fica aqui o meu reconhecimento
enquanto membro de uma Assembleia Municipal que, enquanto Órgão Municipal, não
foi tida nem achada neste “meio” Fórum Marvão.
Por fim, gostava de expressar aqui,
publicamente (para além de já o ter feito em local próprio), um apelo à Mesa da
Assembleia para que, em futuras organizações que envolvam a AM de Marvão,
contem com a totalidade dos seus membros, envolvam-nos no planeamento e
organização. Senão, por muito que se esforcem, sairemos sempre amputados e com perspectivas
enviesadas.
De acordo com o slogan que vos é tão
apetecido, “Todos Juntos” talvez
possamos fazer melhor.