“Um
país e uma sociedade sem responsáveis – É urgente mudar de paradigma”
(Reflexão sobre
o abate de Freixos na estrada das árvores fechadas)
Por estes dias
temos assistido em Marvão e à sua volta, a uma discussão e mesmo revolta geral,
pelo abate de 7 Freixos centenários na estrada das “árvores fechadas” que liga
São Salvador da Aramenha a Castelo de Vide. Junto também a minha indignação e
agradeço a todos aqueles que estiveram no terreno e contribuíram para que o
massacre não fosse, logo ali, maior (houve 3 condenadas que se salvaram), e
espero que a sua acção venha a servir para salvar o resto.
Como em todas as
“catástrofes” estamos agora na fase de rescaldo, de encontrar responsáveis pelo
abate destas árvores, ou como dizia o Deputado Luís Testa: “a culpa não pode morrer solteira”.
Mas claro que vai morrer solteira, digo eu!
E vai porque, a
exemplo do que acontece noutros casos do país, cada um culpa o outro, cada
organismo refugia-se no próximo e ninguém assume responsabilidades ou culpas
próprias, porque se sacode sempre a água para cima da copa da árvore do
vizinho. Eu já ficaria satisfeito se se salvassem as restantes 290 árvores,
pelo menos as saudáveis.
Quanto às já
abatidas seria bom que, muitos dos que agora andam por aí a incendiar ainda
mais a coisa e a fazerem de virgens ofendidas, parassem para pensar, metessem a
mão na consciência e, reflectissem, sobre as suas próprias responsabilidades, e
o que poderiam ter feito, e não fizeram, para evitar tal desfecho.
Sendo conhecido
na Câmara Municipal, pelo menos desde o dia 16 de Janeiro de 2017, um Documento
que em baixo vos apresento, devemos questionar, todos os que conheciam o Documento,
se não teremos alguma responsabilidade sobre a situação e se não seremos co responsáveis
pelo desenlace do ocorrido. E se não valerá sempre a pena prevenir do que
remediar.
Se outros
responsáveis não forem encontrados, eu, individualmente, sinto alguma
responsabilidade porque talvez pudesse ter feito mais do que fiz e, enquanto
cidadão marvanense informado, que tento ser, assumo a minha cota parte. Porque
tivesse eu assumido os meus deveres de cidadania, talvez, pudesse ter
contribuído para prevenir tal desfecho. Bastaria para tal ter desenvolvido uma
qualquer acção pública de levantamento popular, uma manifestação, uma denúncia
aos órgãos de comunicação e, quem sabe, os 7 frondosos Freixos ainda ali
estariam imponentes. Mas não, calei-me como mandam as boas normas sociais da
comunidade e, agora, considero-me um dos responsáveis.
Mas eu sou um
simples cidadão. Outros com muitas mais responsabilidades sociais e políticas
sabiam tanto ou mais do que eu. Será que fizeram o que deveria ser o seu dever,
não só enquanto cidadãos, mas também enquanto líderes, sejam eles autarcas,
deputados, dirigentes partidários, etc.? Antes de encontrarmos culpados, “A posteriori”, que já nada resolve, não
deveríamos todos nós reflectir sobre esta forma de ser “à portuguesa” sujeitos passivos em vez de cidadãos activos? Ou
como diz o povo “não será melhor prevenir que remediar?
Posto isto,
tenho de questionar alguns dos que sei que sabiam da intenção das
Infraestruturas de Portugal IP e questionar:
- Que fez o
executivo municipal, nomeadamente o seu presidente, para evitar tal desenlace?
- E o vereador
da oposição socialista Jaime Miranda, acaso contactou logo o deputado Luís
Testa para que esse interviesse logo junto do ministro Pedro Marques e em vez
de se salvarem 3 Freixos, talvez se salvassem os 10? Por que não apresentou
logo a proposta de Património de Interesse Municipal, que agora diz ir apresentar na próxima reunião?
- E o Presidente
da concelhia do PS Tiago Pereira, quando soube dessa intenção em princípio de
Janeiro de 2017, que medidas tomou, quantos artigos escreveu para a comunicação
social a denunciar o “crime”? Será que denunciou imediatamente a situação ao
deputado Luís Testa? É que se o senhor Jeremias da Conceição Dias cá estivesse
seria isso que ele faria logo.
- E o deputado
Luís Testa não sente que se tivesse sabido e agido atempadamente (caso tivesse
sido informado pelas sua estrutura), não poderia ter evitado o abate dos 10
Freixos em vez de 3?
- Finalmente
tenho que reconhecer a acção do vereador José Manuel Pires, não sei se fez tudo
o que estaria ao seu alcance mas, pelo menos, tentou ao reclamar junto das
Infraestruturas de Portugal IP e ao dar conhecimento à Camara Municipal.
Quanto aos restantes
que agora andam por aí a reclamar, alguns dos quais apenas em claros
aproveitamentos políticos, que reflictam sobre o que podiam ter feito e não
fizeram. Ou então acho que, humildemente, e como agora é moda, concluirmos que
talvez sejamos “TODOS RESPONSÁVEIS”. Claro que como sempre, uns mais que
outros.
- Documento apresentado em Reunião de Câmara do dia 16 de Janeiro de 2017: