sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Estar; "mas já não estar..."




Se às vezes numa rua no lugar

eu penso que um dia hei-de morrer

sei que tudo o que tenho vou deixar

aqui onde hoje estou deixo de estar

e tudo quanto sou deixo de ser


medo da morte não consigo ter

mas outros mais humanos e banais

medos que a gente tem mesmo sem querer

como o medo que eu tenho de morrer


só por querer viver um pouco mais

se consigo a meu modo estar no céu

mesmo vivendo neste chão de inverno

se apenas sou árvore que cresceu

no espaço e no tempo que é o meu

para que havia eu de ser eterno


mas como as minhas cinzas vão ficando

debaixo de uma pedra de jardim

meu amor tu sabes onde me encontrar

e uma flor sobre a pedra vais deixar

de cada vez que lembrares de mim

de cada vez que te lembrares de mim

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